Gestantes com covid-19 possuem risco 1,5 vez maior de ir para a UTI e 1,7 mais chances de necessitar de ventilação mecânica do que as demais mulheres, aponta pesquisa CDC (Ian Waldie/Getty/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 28 de agosto de 2020 às 21h47.
Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 21h49.
Segundo o Ministério da Saúde, até o momento, foram identificadas 6 mil gestantes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 2,7 mil infectadas com o novo coronavírus. O sistema da pasta registra também 221 mortes por SRAG, com 155 de mulheres com covid-19. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) durante entrevista online.
Testagem
As gestantes devem ser testadas para covid-19, mesmo se não apresentarem sintomas de infecção pelo novo coronavírus. A orientação faz parte de um conjunto de ações para este público e puérperas durante a pandemia previsto em portaria publicada nesta semana pelo Ministério da Saúde e em manual sobre o tema que será divulgado em breve.
Em entrevista online, gestores do órgão apontaram a necessidade de cuidados específicos com estas mulheres. Eles mencionaram estudo do Centro para Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos segundo o qual gestantes têm maior probabilidade de agravamento com internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), necessidade de ventilação e até mesmo evolução para morte.
Ainda conforme a pesquisa do CDC, gestantes com covid-19 possuem risco 1,5 vez maior de ir para a UTI e 1,7 mais chances de necessitar de ventilação mecânica do que as demais mulheres.
Por isso uma das medidas é a testagem, para identificar se a paciente foi infectada ou não. As orientações do Ministério da Saúde também incluem a importância de isolar a gestante para evitar a contaminação.
“Cabe ao poder público oferecer o isolamento. Pode ser em hotel, em casa de gestante. Mas aquela paciente precisa tomar todos os cuidados para não ser infectada”, destacou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Parente.
A professora titular do departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e coordenadora do grupo que elaborou o manual de orientações, Rosiane Mattar, enfatizou a importância de manter o pré-natal, mesmo no cenário de pandemia.
“As grávidas precisam ser atendidas no pré-natal porque elas têm outras comorbidades ou podem ter dúvida. Para fazer isolamento uma parte do atendimento pode ser por teleatendimento. Se é de baixo risco pode ficar em uma maternidade de baixo risco. Se tem quadro com algum agravamento, deve ir para hospital com UTI”, sugeriu.
Como mencionou a professora, as recomendações do Ministério da Saúde incluem a disponibilização de estruturas de atendimento como UTIs para o caso de agravamento. Rosiane Mattar afirmou que a covid-19 não implica a necessidade de cesariana. Mas pode aumentar a indicação. “Só que este procedimento pode acabar piorando a situação do paciente”, alertou.
O ministério anunciou ações da pasta para este público, como incentivo de R$ 800 para equipes da atenção primária com gestantes cadastradas, de R$ 7.280 para apoiar o isolamento de grávidas e puérperas e de R$ 10 mil para casas de gestante, bebê e puérpera em funcionamento para medidas de prevenção à covid-19.