Augusto Aras: subprocurador falando com jornalistas após se encontrar o com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Marcos Brandão/Agência Senado)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de setembro de 2019 às 10h05.
Última atualização em 12 de setembro de 2019 às 10h19.
São Paulo — Em busca de apoio no Senado, o subprocurador Augusto Aras, indicado para a Procuradoria-Geral da República pelo presidente Jair Bolsonaro, se reuniu nesta quarta-feira (11) com a bancada do PT na Casa.
O discurso contra uma conduta considerada "punitivista" do Ministério Público e de independência em relação ao governo agradou aos parlamentares petistas.
Aras iniciou na segunda-feira passada uma maratona no Senado para angariar votos — ele será sabatinado na Casa e precisa do apoio de 41 dos 81 senadores para ser confirmado procurador-geral da República.
Segundo a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS) a previsão é de que a sabatina seja realizada no próximo dia 25.
Antes disso, no dia 18, a comissão poderá ler o parecer da indicação, que ainda não teve um relator designado.
O vice-líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), afirmou que poderia dar um voto favorável ao subprocurador caso houvesse uma avaliação positiva.
"Ajuda alguém que opera o direito que seja capaz de fazer justiça respeitando a lei. Essa constatação só no contato pessoal", disse Carvalho.
Na terça-feira (10), Aras foi recebido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na ocasião, defendeu uma "Lava Jato positiva", que não criminalize a política.
De acordo com relatos de senadores, o indicado pregou um Ministério Público Federal "moderno e clássico", com unidade nos posicionamentos e que ajude o desenvolvimento do País, sem cor ideológica.
Segundo parlamentares, o subprocurador disse que o formato da Lava Jato pode ter levado a prejuízos, não só para reputações, mas para a economia.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) avaliou que Aras "se colocou muito bem". "Ele disse que a Lava Jato teve um ponto em que extrapolou o limite da lei e cometeu excessos, sem citar nomes", disse.
No corpo a corpo com senadores, Aras foi questionado sobre os protestos de integrantes do Ministério Público Federal contra sua indicação, por não ter seguido a lista tríplice eleita pela categoria e pelo fato de Bolsonaro ter declarado que queria um procurador-geral alinhado ao governo.
Em resposta, Aras afirmou que, se assumir o cargo, agirá com "independência absoluta" em relação ao Executivo. "Se alguém pensa que vou dever gratidão, não vou. Vou fazer o trabalho que o MPF tem de fazer, um MPF moderno", disse o indicado a líderes do Senado na tarde de terça.
O subprocurador tem evitado responder a perguntas de jornalistas. Segundo ele, esses questionamentos serão respondidos na sabatina.
"As conversas (com senadores) têm sido muito proveitosas, mas nesse momento estou com as minhas ideias e as minhas produções sendo observadas, decididas e apreciadas pelo Senado. Aqui me encontro à espera da sabatina e, por estar sendo julgado pelo Senado, respeitosamente não posso responder a perguntas como todos gostaríamos de responder. As perguntas que me fazem agora serão respondidas na sabatina", declarou .
Para o senador Telmário Mota (Pros-RR), os sinais enviados por Aras ao Senado são positivos. "Espero que o MPF seja realmente um fiscal, puna os responsáveis, agora sem ação midiática, partidária, politizada e sem direcionar o trabalho", afirmou o parlamentar.
O líder da bancada do PSDB, Roberto Rocha (MA), disse ver em Aras um "progressista". "(Ele) Tem uma cabeça muito voltada para o desenvolvimento, para destravar a economia e ajudar nesse momento que estamos com a agenda econômica muito intensa", afirmou Rocha, "Ele vai ter, sem dúvida, uma larga confiança do Senado."