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Auditores fazem ato contra "interferência política" na Receita

Nos principais aeroportos do país os auditores planejam protestar 'contra o desmonte' na Receita e contra tentativas de loteamento do órgão

Protesto: os auditores informam que 'mais de 1300 cargos e funções de confiança já foram entregues' (José Cruz/Agência Brasil)

Protesto: os auditores informam que 'mais de 1300 cargos e funções de confiança já foram entregues' (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de novembro de 2016 às 13h26.

Auditores fiscais programaram para esta quinta-feira, 3, o Dia Nacional contra a Interferência Política na Receita Federal.

Nos principais aeroportos do País - Confins, Cumbica, Galeão e Brasília -, os auditores planejam protestar 'contra o desmonte' na Receita e contra tentativas de loteamento do órgão. Os auditores informam que 'mais de 1300 cargos e funções de confiança já foram entregues'.

Os líderes da mobilização esperam reunir no protesto mais de quinhentos auditores.

Segundo a Diretoria Executiva Nacional e o Comando Nacional de Mobilização do Sindicato dos Auditores da Receita (SindiFisco), em março de 2016 o governo federal fechou acordo com a categoria abrangendo ajuste salarial - 'pauta remuneratória'- e um conjunto de medidas para assegurar garantias e segurança jurídica à fiscalização, o que eles chamam de 'pauta não remuneratória'.

Os auditores destacam que o projeto de lei 5864/16 foi encaminhado em julho, 'em cumprimento ao acordo efetuado', e a relatoria foi distribuída ao deputado Wellington Roberto (PR/PB).

Segundo os auditores, o parlamentar é 'um dos principais aliados' do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), preso na Operação Lava Jato.

O peemedebista é alvo de investigações da Polícia Federal, da Procuradoria da República e da Receita.

Algumas semanas depois, segundo os auditores, o aliado de Eduardo Cunha apresentou relatório substitutivo 'completamente diferente do projeto original, um relatório que fragiliza e desorganiza a estrutura da Receita Federal e que caiu como uma bomba na casa'. "Desde então, a Receita Federal virou um caos", afirma um auditor.

Foi apresentado, então, um segundo substitutivo que inquietou ainda mais a classe.

Ao final, segundo eles, foram incorporadas 175 emendas, 'o que dá uma ideia do nível de distorção e desconfiguração do projeto original, de 20 artigos'.

Desde o primeiro substitutivo os auditores entraram em greve 'para garantir a estrutura e a posição da Receita Federal, que sairá extremamente enfraquecida e debilitada caso o substitutivo seja aprovado'.

Eles afirmam que a greve 'não é por reajuste ou salários, ao contrário do que alguns veículos de comunicação têm passado'.

"O reajuste está garantido e o relator não alterou muita coisa nele, a não ser a inclusão de outros servidores no bônus institucional. Isso hoje é irrelevante para os auditores", afirma um outro auditor.

Segundo eles, 'a greve é única e exclusivamente para chamar a atenção da sociedade para o risco que a Receita e os auditores estão correndo de verem sua autonomia e autoridade mutiladas, sobretudo diante da participação fundamental que vêm tendo nas mais recentes investigações contra a corrupção'.

"Não estamos afirmando que o substitutivo foi deliberadamente elaborado com o propósito de desestabilizar e enfraquecer o órgão porque precisaria ter provas para tanto", diz um auditor.

"Mas está evidente que o deputado Wellington Roberto é suspeito para relatar um projeto de lei da Receita Federal em virtude de sua ligação com Eduardo Cunha, sendo este um dos principais investigados pelo órgão."

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