Protesto: dispersados pela polícia, grupos se espalharam pelo centro da cidade queimando contêineres de lixo, quebrando vidraças de prédios e lojas (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 22h32.
O centro de Brasília voltou a parecer uma praça de guerra no final da tarde de hoje (13), quando manifestantes e policiais entraram em confronto na Esplanada dos Ministérios.
Os manifestantes - reunidos para protestar contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto dos Gastos Públicos - jogaram garrafas de vidro, pedras e bombas.
Os policiais responderam com bombas de efeito moral, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), pelo menos 15 pessoas foram detidas. Além disso, seis policiais ficaram feridos. Até o momento, o órgão não informou o número de manifestantes feridos.
A secretaria disse ainda que, durante a tarde, foram apreendidas máscaras, bastões, pregos, escudos e bolas de gude, totalizando 300 objetos.
Após a dispersão, a entrada da Esplanada tinha grades de plástico incendiadas e uma parada de ônibus destruída. Espalhados pelo chão, era possível ver paus, pedras e dezenas de cápsulas deflagradas de gás lacrimogêneo.
Nas imediações da rodoviária, ônibus tiveram vidros quebrados e, segundo uma testemunha, pelo menos dois deles saíam da rodoviária com passageiros. De acordo com a SSP-DF, uma viatura do Detran também foi depredada.
Na via N1, paralela à Esplanada, um ônibus teve os vidros quebrados e foi incendiado. A fumaça densa e escura cobriu o céu da cidade na altura da Biblioteca Nacional.
A Polícia Militar deteve um homem suspeito de atear fogo no veículo. Dispersados pela polícia, grupos se espalharam pelo centro da cidade queimando contêineres de lixo, quebrando vidraças de prédios e lojas.
Shoppings localizados a poucos quilômetros da Esplanada reforçaram a segurança na entrada e fecharam parcialmente as portas.
Vindo de Cascavel (PR) para protestar contra a PEC 55, Luís Guilherme Pereira (24), do Movimento de Luta pela Terra, ficou frustrado pela forma como a manifestação terminou.
"Viemos com intenção de um manifesto pacífico e não foi o que a gente esperava. Nós [do Movimento de Luta pela Terra] não queremos violência, queremos defender nossos direitos como cidadãos", disse.
"Parece um cenário de guerra; tanta bomba e spray de pimenta. É lamentável. A gente não conseguiu fazer o que queria, que era lutar pelo nosso direito e isso é ruim para todo mundo. Por causa de um grupo de pessoas todos passam por ruins, mas não são todos que vieram para a guerra", completou.
Luís Guilherme chegou no início da tarde para o ato e seguiu para a frente do Congresso, como dezenas de outras pessoas. Horas depois, foi informado por outros manifestantes que deveria ir para a frente do Museu da República.
Lá, polícia e manifestantes chegaram a negociar a participação de carros de som no ato. A PM, no entanto, estava relutante em permitir o uso dos equipamentos de som, temendo incitação coletiva ao confronto e ao vandalismo.
Os manifestantes se reuniram em frente ao Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios, desde as primeiras horas da tarde.
Pouco mais à frente, na altura da Catedral, a PM formou duas linhas para revista de bolsas e mochilas de todos que passavam em direção ao Congresso Nacional. Por volta das 17h, o grupo se deslocou em direção à linha de revista.
Durante a aproximação, alguns manifestantes fizeram performances teatrais e uma jovem, de joelhos, ofereceu flores a um policial militar.
Poucos minutos depois, porém, a linha de frente da manifestação, composta por jovens com o rosto coberto, tentou forçar a passagem sem passar pela revista e empurrou os policiais para trás.
A polícia reagiu e as agressões começaram, de parte a parte. Uma garrafa de vidro foi jogada na polícia, que respondeu com gás de pimenta. Do outro lado, pedras eram jogadas contra os policiais.
Um policial foi derrubado e agredido por um grupo antes de ser resgatado por colegas. Com o rosto lavado de sangue, ouviu insultos de jovens contrários à atuação da PM.
Uma policial chegou a gritar e discutir com os jovens enquanto retirava o colega ferido. Pelo menos três policiais foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros ali mesmo, na Esplanada.
Também ferido, um manifestante foi carregado por um colega e dois policiais para longe da confusão.
Com o reforço da tropa de choque e da cavalaria, a PM dispersou os manifestantes. A rodoviária foi isolada pela polícia e os manifestantes correram em várias direções.
Um grupo seguiu pelo Setor de Autarquias Sul e outro para a Asa Norte, onde depredou carros e vidraças de uma concessionária.
O horário do confronto coincidiu com o fim de expediente de várias pessoas que trabalham na Esplanada e em locais próximos. Muitas delas sentiram os efeitos do gás lacrimogêneo e passaram mal.
Segundo a assessoria da PM, 1.500 policiais participaram da operação. A corporação também estima a presença de 2 mil manifestantes na Esplanada.