O Desafio Internacional de Canoagem Velocidade, evento-teste para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, recebeu 180 atletas de 30 países (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2015 às 17h02.
Rio de Janeiro - O Desafio Internacional de Canoagem Velocidade, décimo evento-teste para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, que começou hoje (4) e termina domingo (6), ficou marcado pelo boicote de quatro atletas da Seleção Brasileira de Canoagem.
Isaquias Queiroz, Erlon de Souza, Ronilson de Oliveira e Nivalter Santos cobraram da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) o recebimento de uma verba do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), em atraso há oito meses.
Além da falta do repasse, uma das reclamações foi a má condição dos alojamentos em que eles [atletas] estão hospedados, na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, zona sul do Rio.
Ronilson de Oliveira disse não entender o motivo de todos esses problemas. “Somos considerados os quatro melhores atletas de canoagem do Brasil. Merecemos isso? A gente vê, por exemplo, os atletas que treinam lá em Curitiba sendo muito bem atendidos, bem tratados. Por que não a gente também? Por que alguns atletas recebem verba e a gente está há oito meses esperando?”
Isaquias Queiroz, medalhista de ouro no Mundial de Canoagem de Milão, na Itália, reforçou a opinião de Ronilson.
“Merecemos respeito. Afinal, somos os quatro nomes mais fortes do esporte no Brasil. Estamos sempre trazendo resultados significativos para o país. Se houver uma punição e ficarmos fora dos Jogos Olímpicos, vai ficar estranho para eles, que estão tirando grandes competidores de um evento do tamanho das Olimpíadas e enfraquecendo o Brasil”.
Presidente da confederação, João Tomasini, criticou a postura dos atletas. Segundo ele, os quatro nunca foram desassistidos pela CBCa.
“O valor que eles cobram foi coberto pelo Comitê Olímpico Brasileiro, já que o projeto atrasou por conta de problemas burocráticos, mais especificamente uma certidão ambiental que levou 105 dias para ser expedida por um órgão de Lagoa Santa, onde eles treinam. Eles sabem disso. Ontem (3) mesmo os quatro foram informados a respeito.”
Tomasini afirmou que os atletas não foram prejudicados. Acrescentou que alguns foram até beneficiados.
“O Nivalter e o Isaquias deveriam receber R$ 8 mil mensais pelo patrocínio, enquanto Erlon e Ronilson R$ 11 mil, pela colocação no mundial. Nos últimos oito meses, o comitê decidiu nivelar todos pelo máximo, elevando os valores do Isaquias e do Nivalter para R$ 11 mil. Eles não estão sendo prejudicados, mas beneficiados. Afinal, receberam do patrocinador R$ 24 mil a mais nesse período”.
Sobre a possibilidade de o boicote arranhar a imagem da competição e até mesmo dos atletas, o presidente da confederação disse estar decepcionado.
“Espero que não. Estou triste com a situação. Tentamos de todas as maneiras contornar isso. Eles estão com um contrato elaborado pela confederação para ser analisado e assinado. Receberam ontem a promessa de que em dez dias, a partir da assinatura, receberão o mês de setembro. Mesmo assim, agiram desse jeito. Não sei se prejudicará o evento. Só consigo dizer que estou muito triste.”
O Desafio Internacional de Canoagem recebeu 180 atletas de 30 países. Grandes nomes internacionais participam da competição, entre eles o alemão Sebastian Brendel, o dinamarquês René Holten Poulsen, o canadense Mark de Jonge e a húngara Gabriela Szabó.