Agora, Lula encara um caso considerado por especialistas ainda mais difícil para sua defesa, o do sítio de Atibaia
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2018 às 06h34.
Última atualização em 12 de novembro de 2018 às 06h50.
Depois de visitar a orla da Barra da Tijuca e fazer churrasco para seguranças neste domingo, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, chega apenas na terça-feira a Brasília para dar prosseguimento aos trabalhos de transição de governo. Esta semana ele dividirá os holofotes com seu principal antagonista político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Condenado a 12 anos de prisão pelo processo do tríplex do Guarujá, Lula encara, agora, um caso considerado por especialistas ainda mais difícil para sua defesa, o do sítio de Atibaia. Na quarta-feira o petista deixa pela primeira vez a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde abril, em direção à Justiça Federal. Lá, deve prestar depoimento à juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro, indicado para assumir o Ministério da Justiça.
As perguntas buscarão entender por que três fornecedores — o pecuarista José Carlos Bumlai e as empreiteiras OAS e Odebrecht — investiram 1 milhão de reais para reformar um sítio usado pelo ex-presidente nas horas de lazer. Se no caso do tríplex o ex-presidente foi preso afirmando nunca ter passado uma noite no imóvel, em Atibaia a ligação é mais clara: policiais encontraram remédios, roupas e objetos pessoais de Lula e Marisa no sítio, assim como depoimentos e mensagens que mostram a participação ativa da ex-primeira dama nas reformas.
Uma brecha a ser explorada pela defesa do ex-presidente é o fato de o Ministério Público Federal não ter conseguido comprovar ligação entre a compra do sítio por Fernando Bittar e Jonas Suassuna, e atos de corrupção na Petrobras.
O decorrer do processo de Atibaia deve ter reflexos para além de Curitiba. A oposição a Jair Bolsonaro seguirá explorando um suposto viés político da nomeação de Moro a seu governo. Já deputados e senadores petistas se pautarão na estratégia ditada por seu líder máximo para fazer oposição a Jair Bolsonaro. Importantes nomes do partido, como o senador Humberto Costa (PE) admitem até unir-se ao PSDB para tentar bloquear pautas mais polêmicas no campo social, como a Escola Sem Partido.
Mesmo preso, Lula foi protagonista nas eleições. Seu papel no próximo governo depende, em grande parte, dos desdobramentos de Atibaia.