Estudantes choram em frente à escola de Suzano após tiroteio. (Ueslei Marcelino/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 5 de abril de 2023 às 20h08.
O ataque a uma creche de Blumenau na manhã desta quarta-feira, 5 em Santa Catarina, aumentou para ao menos 40 o número de alunos e professores mortos em atentados a escolas desde o início dos anos 2000. Ao menos 18 casos do tipo foram registrados no período, totalizando mais de 70 feridos.
Como o Estadão mostrou, o levantamento é parte de um relatório apresentado durante os trabalhos de transição do governo federal em dezembro. Não foram identificados casos ocorridos antes de 2002, quando um estudante de 17 anos disparou dentro de uma sala de aula em Salvador.
O levantamento indica que, até 2022, ocorreram 16 ataques a escola no Brasil, com 35 mortos e 72 feridos. Somente no segundo semestre do ano passado, foram registrados quatro casos.
O ataque em Blumenau envolveu um homem de 25 anos. Ele atacou as vítimas após pular um muro, deixando ao menos quatro crianças mortas, de 5 a 7 anos, e outras cinco feridas.
Como mostrou o Estadão, nos Estados Unidos, onde o número de casos é o maior do mundo, foram 554 vítimas ao todo, 185 mortos e 369 feridos em ataques violentos à escolas.
Outro caso recente ocorreu em 27 de março, na cidade de São Paulo. A professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, foi esfaqueada por um aluno de 13 anos de uma escola estadual na Vila Sônia, na zona oeste da capital. Outros três docentes e um estudante também foram feridos.
Em parte dos casos de violência, há associação com símbolos neonazistas. Em Aracruz (ES), onde três professoras e uma aluna morreram no ano passado, por exemplo, o atirador usava uma suástica.
Em outubro de 2017, nove crianças, a maioria com quatro anos, e sua professora, morreram em um incêndio provocado pelo segurança da creche, que jogou álcool em suas vítimas.
Essa tragédia, em um bairro humilde de Janaúba, cidade de 70.000 habitantes de Minas Gerais, também deixou quarenta feridos. Segundo as autoridades locais, o autor do ataque, que também morreu em virtude das queimaduras, tinha "problemas mentais".
Em maio de 2021, na cidade de Saudades (SC), um jovem de 18 anos matou a facadas três crianças pequenas e dois funcionários de uma creche.
Em outubro de 2022, um ex-policial, armado com um fuzil e uma faca, matou 36 pessoas, entre elas 24 crianças, em uma creche na província de Nong Bua Lamphu, no norte da Tailândia.
Após a tragédia, uma das piores do país, autoridades do país tentaram reforçar as condições para se obter permissão para portar armas de fogo.
Em fevereiro de 2023, um homem na direção de um ônibus joga o veículo contra uma creche perto de Montreal (sul), matando duas crianças de quatro anos e ferindo outras seis.
O motorista, de 51 anos, é acusado de nove crimes, entre eles "homicídio premeditado".
Em 26 de abril de 2022, um homem abre fogo em uma escola infantil e mata duas crianças e uma professora na região de Ulianovsk (centro).
Após ter matado as vítimas, o homem dispara contra o próprio rosto com um fuzil de caça, cujo dono foi encontrado sem vida pouco depois.
Em maio de 2010, sete crianças e dois adultos são assassinados e ao menos 20 ficam feridos, em uma escola no norte da China. Um vizinho de 48 anos invade o estabelecimento com um facão de cozinha.
A tragédia acontece após uma série de quatro ataques similares com faca ou martelo, perpetrados por desequilibrados que dizem ter problemas em sua vida profissional ou afetiva.
Também na China, em 3 de agosto de 2022, um ataque contra uma escola infantil de Jiangxi (leste) deixa três mortos e seis feridos.
Em 23 de janeiro de 2009, um belga de 20 anos, maquiado como o personagem "Coringa" do Batman, consegue entrar em uma creche em Terremonde (norte), onde matou a facadas dois bebês de nove meses e uma empregada. Ele fere vinte crianças e funcionários do local.
O agressor, que admitiu que havia matado uma mulher de 72 anos uma semana antes, foi condenado à prisão perpétua em 2013.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)