Moro e Lula: "Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que serei absolvido, prepare-se porque os ataques ao senhor serão maiores", disse Lula (Reuters / Instituto Lula / Montagem/Site Exame)
Reuters
Publicado em 10 de maio de 2017 às 21h29.
Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, na conclusão do depoimento que prestou ao juiz Sérgio Moro, que caso haja indicações de que será absolvido no processo a que responde na operação Lava Jato, as críticas ao magistrado vão aumentar.
"Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que serei absolvido, prepare-se porque os ataques ao senhor serão maiores", disse Lula, em suas considerações finais.
O magistrado respondeu ao ex-presidente que "infelizmente" ele já é atacado por bastante gente, inclusive por blogs simpáticos a Lula.
Assim como em outros momentos do depoimento, Moro disse a Lula que ele será julgado com base nas provas do processo.
Em vários momentos das considerações finais, Lula e Moro protagonizaram embates. O ex-presidente disse que está sendo alvo de um complô do Ministério Público com a imprensa, os quais divulgavam informações sobre ele vazadas.
Moro, entretanto, tentou interromper as considerações mais políticas do ex-presidente, dizendo que elas fugiam ao alcance do processo.
"O senhor tem acesso depois à televisão, a programas políticos e aí o senhor pode fazer essas declarações", avaliou Moro.
O depoimento de Lula refere-se ao processo sobre o apartamento tríplex no Guarujá (SP), que, segundo a acusação, teria sido dado a Lula pela empreiteira OAS em troca de contratos com a Petrobras. A defesa do ex-presidente afirma que o apartamento não é e nunca foi de Lula, que teria apenas uma opção de compra, nunca exercida.
Lula afirmou, durante o depoimento a Moro, que nunca houve a intenção de obter o tríplex.
O ex-presidente afirmou ainda que tem "orgulho" da Petrobras, empresa alvo da Lava Jato.
"Se alguém tem vergonha da Petrobras, doutor Moro, eu tenho orgulho de fazer a Petrobras uma empresa extraordinária que foi, de passar de 3 bilhões (de reais) de investimentos por ano para chegar a 30 bilhões", disse.
"Se dentro da Petrobras teve alguém que roubou, que pague pelo roubo", completou.