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Assessor que recebeu R$ 2 mi diz que empresa não foi ativa

A força-tarefa da Lava Jato identificou R$ 2,2 milhões depositados nas contas da empresa entre 2007 e 2015, pela Rio Itibagi, do Grupo Triunfo

PF: a operação tem como alvo esquema de corrupção e lavagem de concessionárias de rodovias federais do Paraná (Vagner Rosário/VEJA)

PF: a operação tem como alvo esquema de corrupção e lavagem de concessionárias de rodovias federais do Paraná (Vagner Rosário/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 18h19.

Curitiba - O assessor da Casa Civil do governo Beto Richa (PSDB), no Paraná, Carlos Felisberto Nasser, alvo de buscas e apreensão nesta quinta-feira, 22, na 48ª fase da Operação Lava Jato, disse que sua empresa Power Marketing Assessoria e Planejamento "nunca esteve em atividade, nem recebeu valores expressivos".

A força-tarefa, do Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita, identificou R$ 2,2 milhões depositados nas contas da empresa entre 2007 e 2015, pela Rio Itibagi, do Grupo Triunfo, braço operacional da Econorte. Foram feitas buscas na mesa do assessor, no Palácio Iguaçu.

A Operação Integração, primeira fase da Lava Jato de Curitiba em 2018, tem como alvo esquema de corrupção e lavagem de concessionárias de rodovias federais, entre elas a Econorte, do Grupo Triunfo, a agentes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná e da Casa Civil do governo do Estado do Paraná.

Carlos Nasser teve pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal, mas negado pelo juiz federal Sérgio Moro. Foram feitas buscas em seu endereço e ele foi ouvido.

Foram presos o diretor do DER do Paraná Nelson Leal Junior, o servidor do DER Oscar Alberto da Silva Gayer, o atual diretor-presidente da concessionária Econorte, Helio Ogama, o dirigente da empresa Rio Tibagi, Leonardo Guerra, o diretor financeiro da Triunfo Participações, Sandro Antônio de Lima, e do empresário Wellington de Melo Volpato.

Segundo o pedido de prisão dos alvos, Nasser sacou a maior parte dos valores, depositados pelo grupo Triunfo. Pelo menos R$ 1,7 milhão em espécie da empresa.

Com a análise do material apreendido nas buscas feitas nos endereços de Nasser, a força-tarefa quer saber o destino dos recursos recebidos pelo assessor da Casa Civil, segundo afirmou o procurador da República Diogo Castor de Mattos.

Defesa

Com a palavra, o Governo do Paraná

"O governador Beto Richa determinou hoje a pronta instauração de processo de investigação para o esclarecimento de eventuais irregularidades apontadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, na chamada 'Operação Integração', que envolve a concessão de rodovias federais no Paraná. A investigação será conduzida pela Controladoria Geral do Estado.

Tanto os contratos quanto os aditivos relacionados ao chamado Anel de Integração foram conduzidos pelo Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), que é o poder concedente. E todos terminaram submetidos ao crivo da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná - Agepar, que homologou seus termos. Os contratos originais do Anel de Integração foram assinados em 1997.

Quanto aos fatos que envolvem o sr. Carlos Nasser, esclarece que ele exercia a função de assessor político junto à Casa Civil, cargo de terceiro escalão, sem qualquer vínculo com o Gabinete do Governador.

Em razão disso, o governador determinou o seu imediato afastamento do cargo, até a apuração completa dos fatos.

Curitiba, 22 de fevereiro de 2018.

SECRETARIA DE ESTADO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL"

Com a palavra, Rodrigo Tacla Duran

"Nota de esclarecimento

1. No dia dia 25 de abril de 2017, após dez pedidos de prorrogação de uma investigação iniciada em 14 de julho de 2015, a Receita Federal encerrou o procedimento de fiscalização contra meu escritório de advocacia sem lavrar auto de infração. Ou seja: toda minha movimentação financeira foi corretamente declarada e os respectivos impostos recolhidos.

2. Conforme certidão emitida pela Receita Federal no dia 20 de fevereiro de 2018, anteontem, o escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados tem situação fiscal regular.

3. Todos os trabalhos prestados para o Grupo Triunfo foram indevidamente apreendidos em novembro de 2016, durante busca e apreensão ilegal autorizada pelo juiz Sérgio Moro, desrespeitando o sigilo profissional e outras prerrogativas, conforme despacho da presidência da OAB-SP.

4. Sou espanhol, vivo em Madri com minha família, meu endereço é conhecido pelas autoridades espanholas e brasileiras. O juiz Sergio Moro tem meu endereço. A Justiça espanhola negou minha extradição e, no dia 19 de dezembro de 2017, a Receita Federal da Espanha encerrou fiscalização contra mim concluindo que eu não cometi qualquer irregularidade ou delito.

5. Nunca sofri qualquer condenação criminal e tenho colaborado com a Justiça Espanhola e de diversos países. Embora o procurador Douglas Fischer, da Secretaria de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal, tenha recomendado o envio para a Espanha de supostas provas contra mim em poder do juiz Sérgio Moro e dos procuradores de Curitiba, conforme determinam acordos e tratados internacionais, até hoje isso não foi feito ao arrepio da lei.

6. Há uma denúncia apresentada por parlamentares junto à Procuradoria Geral da República, requerendo investigação sobre irregularidades ocorridas durante negociações do meu acordo de colaboração com a Força Tarefa do Paraná em março de 2016, o que torna impedidos tanto os procuradores da Lava Jato, quanto o juiz Sergio Moro, de conduzirem processos e investigações contra mim, uma vez que todos têm interesse direto no desfecho de quaisquer causas envolvendo meu nome.

Madri, 22 de fevereiro de 2018.

Rodrigo Tacla Duran"

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