Marina Silva (PSB) na Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec), em Brasília (Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2014 às 09h40.
Rio de Janeiro - O próximo governo brasileiro terá que enfrentar crescimento econômico baixo por conta da necessidade de fazer um ajuste fiscal "grande", disse nesta quarta-feira o economista Alexandre Rands, um dos assessores econômicos da candidata à Presidência da República do PSB, Marina Silva.
Segundo ele, além do ajuste fiscal forte, o próximo governo terá que reajustar preços de gasolina e energia, atualmente represados pelo governo federal.
"Isso tudo gera incertezas... No primeiro ano, vai ter um crescimento baixo, porque você vai precisar de um ajuste fiscal grande e acomodação de preços relativos", disse Rands a jornalistas em evento no Rio de Janeiro.
Ele avaliou, contudo, que uma eventual vitória de Marina pode gerar expectativa positiva e fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 1,5 por cento no próximo ano, ante previsão de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central de expansão de 1 por cento.
Para este ano, a previsão das instituções financeiras é de crescimento de 0,3 por cento e do governo, de 0,9 por cento.
"Não vamos ter pelo menos o setor público federal jogando contra o crescimento como vem jogando hoje. Hoje o governo federal atrapalha o crescimento", disse o economista.
A partir de 2016, feito o ajuste fiscal, o Brasil poderá voltar a crescer a taxas "razoáveis", na casa dos 3 por cento, disse.
"Não esperem em 2016 nada como 5 ou 6 por cento, porque não há condições para isso."
Rands acrescentou que o ideal seria uma elevação do superávit primário para entre 2,5 e 3 por cento do PIB para ajustar as contas públicas. Mas diante de um crescimento baixo, ele reconhece que só seria viável um superávit de 2 por cento do PIB.
O atual governo persegue uma meta de superávit fiscal equivalente a 1,9 por cento do PIB neste ano, mas dificilmente conseguirá atingir o objetivo sem manobras fiscais.
"Se chegar a 2 por cento, já vamos estar fazendo um grande serviço e, se fizer isso com planejamento de longo prazo e mostrando como você pode equilibrar as contas, será possível começar a ter um crescimento melhor e controlar a inflação", disse, ao afirmar que esta é uma questão que ainda está em aberto dentro do programa de governo de Marina.
O economista também defendeu que, em um eventual governo Marina, os leilões de concessões tenham como prioridade a modicidade tarifária e a melhoria da qualidade dos serviços.
Na sua avaliação, o governo da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, utiliza os leilões para fazer caixa.
Rands defendeu ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volte a adotar a política de viés para a taxa básica de juros, para dar mais agilidade no combate à inflação.
Ele disse ser pessoalmente favorável à elevação da meta de inflação acompanhada da redução da banda de tolerância, atualmente em 2 pontos para cima e para baixo.