Rodrigo Janot: em sua última sessão no STF, Janot adotou um tom de despedida
EXAME Hoje
Publicado em 15 de setembro de 2017 às 06h41.
Última atualização em 15 de setembro de 2017 às 07h48.
As últimas 72 horas do mandato de Rodrigo Janot como procurador-geral da República, que se iniciam nesta sexta-feira, devem ser mais tranquilas que as 72 horas anteriores. Na terça, o jornal O Globo publicou a confissão do procurador-geral a interlocutores: “Será a mais longa semana da minha gestão”. E foi.
O (provável) fim do ciclo se deu ontem, com a apresentação da denúncia contra o presidente Michel Temer, por obstrução de Justiça no caso da compra de silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seu operador, Lúcio Funaro, e organização criminosa, como líder do “quadrilhão do PMDB na Câmara”.
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Desde segunda-feira, Janot pediu também a rescisão do acordo de delação premiada com os executivos do grupo J&F, Joesley Batista e Ricardo Saud, fez o pedido de prisão preventiva para a dupla e protocolou uma denúncia, ainda sob sigilo, contra o senador José Agripino Maia (DEM-RN).
Antes, denunciou por crime de organização criminosa os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega, Edinho Silva e Paulo Bernardo, a senadora Gleisi Hoffmann e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, todos do “quadrilhão do PT”.
Dilma, Lula e o ex-ministro Aloizio Mercadante ainda foram acusados por Janot, neste mês, por obstrução de Justiça, no caso da tentativa de nomeação de Lula para a chefia da Casa Civil.
Os últimos dias de Janot devem ser mais tranquilos. Ainda não há previsão de que pretenda acusar mais ninguém neste mandato. Ontem, em sua última sessão no Supremo Tribunal Federal, disse em tom de despedida que tem “sofrido nessa jornada, que não poucas vezes pareceu-me inglória, toda a sorte de ataques”.
“Resigno a meu destino, porque mesmo antes de começar, sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e promotor de corrupção, cimentado por anos de impunidade e de descaso”, disse.