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1/7 (REUTERS/Marcos Brindicci)
São Paulo – Contrariando as previsões mais nefastas, a
Olimpíada 2016 do Rio de Janeiro se encerrou na noite de ontem
com saldo positivo e elogios do Comitê Olímpico Internacional — um alívio para quem temia o pior. O legado para a
cidade ainda é incerto, bem como a solução para os problemas financeiros que rondam a organização da Paralímpiadas, marcada para começar em 17 dias. Evidentemente, o momento de tensão da política nacional também extrapolou para as arenas— vale lembrar que o Congresso aprovou o julgamento final do impeachment cinco dias depois da abertura dos Jogos. Ao mesmo tempo, a crise econômica se materializou em problemas estruturais para a realização dos Jogos e no volume gritante de assentos vazios, entre outros. É fato que a Rio-2016 será lembrada por feitos protagonizados pelos melhores atletas da atualidade. Mas também podem ficar para a história as controvérsias que a fizeram única.
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2. O mico de dimensões olímpicas
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2/7 (Phil Noble / Reuters)
O maior climão da Rio-2016 ficou para quatro nadadores da delegação americana — entre eles, o 12 vezes medalhista olímpico Ryan Lochte. O quarteto, que foi medalha de ouro na prova de revezamento 4 x 200, inventou que teria sofrido um assalto quando voltava de uma festa na madrugada do dia 14. As investigações da polícia civil, no entanto, apontaram para outra narrativa. Em vez de vítimas, os atletas teriam, na verdade, protagonizado atos de vandalismo em um posto de gasolina na Barra da Tijuca. Segundo relatos, eles teriam urinado no chão, quebrado uma placa de publicidade e itens do banheiro do estabelecimento. No Brasil, fazer uma falsa comunicação de crime é considerado uma infração com pena prevista de um a seis meses de prisão ou multa, que pode variar entre 293 reais e 1,5 milhão de reais.
Lochte, que viajou para os EUA na segunda-feira, se livrou, em um primeiro momento, das sanções da Justiça brasileira que determinou a apreensão do passaporte dos quatro nadadores até a última sexta. Em depoimento para a Polícia Civil, os nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger admitiram que a história do roubo é falsa. Na sexta, o Juizado do Torcedor e Grandes Eventos fixou multa de R$ 35 mil para o nadador norte-americano James Feigen por falsa comunicação de crime. O dinheiro será revertido para a reforma do instituto Reação na Cidade de Deus, onde a medalhista de ouro no judô Rafaela Silva treinava. No sábado, o Tribunal de Justiça (TJ-RJ) suspendeu a decisão por considerar que a multa fixada não seria suficiente diante da gravidade do crime, segundo o site do Ministério Público do Rio de Janeiro. O problema: quando a liminar foi protocolada, Feigen já estava de volta aos EUA. Mas, como era de se esperar, a punição virá dos patrocinadores. Até o momento, Speedo e Ralph Lauren anunciaram que quebrariam seus respectivos contratos com o nadador Lochte.
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3. Os protestos (e o veto) da discórdia
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3/7 (Ueslei Marcelino / Reuters)
Não é de hoje que os Jogos Olímpicos são pretexto para manifestações políticas. Afinal, esse é um dos poucos eventos em que a propagação de ideias pode captar a atenção de todo o mundo. Pelo menos nos primeiros dias do evento, o comitê organizador da Rio-2016 se empenhou para frustrar qualquer esboço de protesto dentro das arenas dos Jogos. Durante o primeiro final de semana, ao menos dois vídeos compartilhados em redes sociais mostravam torcedores sendo abordados por agentes de segurança por estarem portando bandeiras ou vestindo camisetas com a expressão “Fora Temer”. Em um dos casos, um dos espectadores foi retirado da prova de tiro que acontecia no Sambódromo. Mas as proibições não duraram muito. Três dias após a cerimônia de abertura, o juiz federal João Augusto Carneiro de Araújo, do Tribunal Regional Federal, vetou esse tipo de ação e fixou multa de R$ 10 mil para cada vez que os organizadores vetarem qualquer manifestação durante as competições. O comitê recorreu da decisão, mas teve seu pedido negado.
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4. A torcida para lá de ruidosa
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4/7 (Marko Djurica / Reuters)
A reação da torcida brasileira nas arenas olímpicas deu o que falar entre atletas e imprensa estrangeira. Em um dos textos mais críticos sobre o tema, a agência de notícias Reuters definiu as comemorações (e vaias) ruidosas com o seguinte título: “Fãs estridentes brasileiros se fazem de surdos para o espírito olímpico”. O principal motivo para essas críticas está centrado nas vaias emitidas pela torcida brasileira contra os atletas que disputavam alguma partida com a equipe do Brasil. Aparentemente, o esportista mais chateado com o comportamento foi o francês Renaud Lavillenie, que ficou em segundo lugar na final do salto com vara. Em sua conta no Facebook, ele escreveu: “Só estou decepcionado com a total falta de respeito do público. Este não é digno de um Estádio Olímpico”.
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5. Os militares no pódio
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5/7 (Getty Images Sport)
Dos 19 pódios conquistados pelo Brasil durante a Olimpíada, 13 foram ocupados por esportistas que recebem recursos das Forças Armadas. O resultado não poderia ser outro: a imagem de representantes do Time Brasil fazendo o gesto de continência deu o que falar.
Para anunciantes banidos das arenas devido às regras rígidas do COI, a postura em posição de sentido e a mão elevada à testa pelos atletas foi encarada como uma ação de merchandising. As Forças Armadas rebatem as críticas e diz que só investe nos melhores atletas brasileiros com o objetivo de vê-los competitindo nos jogos militares — no qual o Brasil é segunda potência. Atualmente, 670 esportistas de 27 modalidades olímpicas recebem o apoio. Além da contribuição mensal de R$ 3,2 mil, os atletas ganham benefícios como plano de saúde e recursos para participar de competições. Com o título, eles podem ainda treinar nas estruturas do Exército, Marinha e Aeronáutica.
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6. A Vila inacabada
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6/7 (REUTERS/Ricardo Moraes)
A maratona dos organizadores da Rio-2016 para entregar todas as instalações antes da chegada dos atletas terminou sem sucesso — e os problemas na Vila Olímpica, local oficial de hospedagem dos esportistas, escancarou tal fracasso. Inaugurada no dia 24 de julho, a Vila Olímpica apresentou logo de cara uma lista de problemas sérios. Tanto que a delegação da Austrália classificou o espaço como inabitável e se recusou, em um primeiro momento, a instalar seus atletas por lá. A lista de problemas era extensa e falta de energia elétrica, excesso de sujeira até falhas no encanamento e banheiros bloqueados. Após as reivindicações, o comitê organizador dos Jogos contratou 600 funcionários para resolver os problemas. Desde a abertura dos Jogos, ninguém mais reclamou sobre a estrutura da hospedagem.
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7/7 (Ezra Shaw/Getty Images)