Marielle Franco, Zibia Gaspareto, Beatriz Segall e Dona Ivone Lara (EXAME/Montagem/Reprodução)
Clara Cerioni
Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 24 de dezembro de 2018 às 08h00.
São Paulo — Atrizes, cantores, advogados e ativistas dos direitos humanos faleceram neste ano no Brasil. Dentre os nomes estão a sambista Dona Ivone Lara, o chefe de redação do Jornal Folha de S.Paulo, Otavio Frias Filho, o jurista Helio Bicudo, entre outros.
Algumas mortes repentinas, como a do funkeiro Mr. Catra, marcaram os fãs. A perda da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e seu motorista, Anderson Gomes, também.
Veja alguns dos principais ícones nacionais que faleceram neste ano:
No dia 5 de setembro, faleceu aos 92 anos a atriz brasileira Beatriz Segall. Ela estava internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, com problemas respiratórios.
Em uma carreira de mais de 70 anos dedicada aos palcos e à TV, Segall interpretou em 1988 a icônica personagem Odete Roitman na novela 'Vale Tudo', da Rede Globo.
A atriz Tônia Carrero morreu em 6 de março deste ano, aos 95 anos, na clínica São Vicente, na Gávea, no Rio de Janeiro. Após uma complicação em um cirurgia, ela sofreu uma parada cardíaca e faleceu.
Ela nasceu em 23 de agosto de 1922 e lutou para se tornar uma atriz renomada nos palcos, no cinema e na televisão. Se afastou da vida pública na década passada, quando foi diagnosticada com uma doença chamada hidrocefalia oculta.
A cantora Ângela Maria, consagrada como a rainha do rádio brasileiro, faleceu em setembro após passar mais de um mês internada, no Hospital Sancta Maggiore em decorrência de um quadro de infecção.
Com sua voz intensa, ela fez sucesso entre os anos de 1950 e 1960 e tornou-se uma referência ao lado de Maysa, Nora Ney e Dolores Duran. A cantora havia afirmado recentemente que gravou 114 discos e vendeu aproximadamente 60 milhões de exemplares.
Considerada um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos, Dona Ivone Lara viveu até os 97 anos. Ela havia sido internada na Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, com um quadro de anemia.
Bastante próxima dos integrantes da escola de samba Portela, Ivone Lara construiu sua carreira no samba. Dentre suas composições mais conhecidas estão “Sonho meu” e “Acreditar”, ambos em parceria com Délcio Carvalho.
Em agosto faleceu o advogado, jornalista e escritor Otávio Frias Filho, diretor de Redação do jornal Folha de S.Paulo. Com 61 anos, ele lutava contra um câncer no pâncreas.
Paulistano, Frias Filho foi o responsável por consolidar o “Projeto Folha”, conjunto de medidas editoriais que estabeleceu normas de escrita e conduta do jornal que é considerado como um dos marcos da imprensa brasileira.
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2005, Hélio Jaguaribe morreu em setembro em sua casa, em Copacabana. Ele tinha 95 anos e faleceu após uma falência múltipla de órgãos.
Entre a vasta obra do jurista, sociólogo e escritor considerado um dos grandes pensadores do país estão "A dependência político-econômica da América Latina" e "Um estudo crítico da história".
O ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, faleceu em setembro vítima de uma pneumonia. Ele estava internado no Hospital de Brasília.
Roriz foi chefe do DF por quatro mandatos (1988-1990, 1991-1995, 1999-2003 e 2003-2006). Encerrou sua carreira política em uma rápida passagem pelo Senado, em 2006, quando renunciou para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar que poderia resultar em sua cassação.
O cineasta Nelson Pereira dos Santos, um dos nomes mais importantes do Cinema Novo, faleceu em abril, aos 89 anos. Ele havia descoberto há menos de um mês um câncer no fígado.
Diretor de filmes fundamentais da história do cinema brasileiro, como "Rio, 40 graus" (1955) e "Vidas secas" (1963), ele realizou em 2012 seus últimos longas, os documentários musicais "A música segundo Tom Jobim" e "A luz do Tom". Além de dirigir, era também roteirista de seus filmes.
O jurista Hélio Bicudo, fundador do PT e um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, morreu aos 96 anos na capital paulista.
Ativista na área dos direitos humanos, ele ganhou notoriedade ao combater o Esquadrão da Morte, organização paramilitar dos anos de 1970, sendo depois presidente da Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos.
A vereadora Marielle Franco, (PSOL-RJ) foi assassinada a tiros no Rio de Janeiro, em março. Seu motorista, Anderson Gomes, também foi morto no mesmo ataque.
Até hoje, nove meses depois, ainda não há uma conclusão do inquérito de sua morte, que, segundo investigações, teve envolvimento da milícia carioca.
Marielle era crítica à intervenção federal do Exército no estado e denunciava os abusos de forças de autoridade contra moradores carentes, além de defender pautas de direitos LGBT, das mulheres e de negros.
Escritor e jornalista, Carlos Heitor Cony morreu em janeiro, aos 91 anos, vítima de falência múltipla de órgãos. Ele tinha 91 anos e estava internado no Hospital Samaritano no Rio de Janeiro.
Cony era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Sua carreira foi marcada por passagens no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã, onde foi preso diversas vezes durante a ditadura militar.
Faleceu em outubro, aos 92 anos, em São Paulo, a escritora Zíbia Gasparetto. Ela lutava contra um câncer no pâncreas.
Zibia dedicou 68 anos ao espiritismo, publicou 58 obras e teve mais de 18 milhões de livros vendidos, notáveis pelos chamados relatos psicografados.
O cantor e funkeiro Mr Catra, 49 anos, morreu em setembro vítima de um câncer gástrico. O maior nome do funk brasileiro deixou três esposas, 32 filhos e quatro netos.
Inúmeros famosos, com o humorista Marcelo Adnet e a cantora Valesca Popozuda, lamentaram sua morte nas redes sociais.