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Bombeiros e servidores terão de responder por Santa Maria

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu inquérito em que responsabiliza músicos da banda e sócios da boate Kiss pela tragédia, mas também bombeiros e servidores públicos


	Boate Kiss: 16 pessoas indiciadas, incluindo os donos, os músicos da banda, servidores públicos e bombeiros. Prefeito de Santa Maria pode vir a responder no Tribunal de Justiça 
 (REUTERS/Ricardo Moraes)

Boate Kiss: 16 pessoas indiciadas, incluindo os donos, os músicos da banda, servidores públicos e bombeiros. Prefeito de Santa Maria pode vir a responder no Tribunal de Justiça  (REUTERS/Ricardo Moraes)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo – A Polícia Civil do Rio Grande do Sul entregou à justiça de Santa Maria hoje o relatório final com as conclusões do inquérito do incêndio que terminou com a morte de 241 pessoas no dia 27 de janeiro. Foram indiciadas criminalmente 16 pessoas pela tragédia da boate Kiss, mas a polícia encontrou indícios de condutas de crimes por parte de outras 12, incluindo o prefeito da cidade, César Schirmer.

Confira quem é acusado de quê (e veja o relatório completo no fim da matéria):

Homicídio doloso com dolo eventual - quando se assume o risco de matar - (241 vezes), tentativa de homicídio (623 vezes) e incêndio
1 - Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira
2 - Luciano Augusto Bonilha Leão, produtor da banda
3 - Elissandro Callegaro Spohr, dono da boate
4 - Mauro Londero Hoffman, outro sócio e dono da Kiss
5 - Ricardo de Castro Pasche, gerente da boate
6 - Ângela Aurelia Callegaro, gerente da Kiss e irmã de Elissandro
7 - Marlene Teresinha Callegaro, sócia e mãe de Elissandro
8 - Gilson Martins Dias, bombeiro responsável pela fiscalização
9 - Vagner Guimarães Coelho, outro bombeiro responsável pela fiscalização

Homicídio culposo (sem intenção de matar)
10 - Miguel Caetano Passini, atual Secretário Municipal de Mobilidade Urbana
11 - Luiz Alberto Carvalho Junior, Secretário Municipal do Meio Ambiente
12 - Beloyannes Orengo de Pietro Júnior, Chefe da Fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana
13 - Marcus Vinicius Bittencourt Biermann, funcionário da Secretaria de Finanças que emitiu o Alvará de Localização da boate

Fraude processual
14 - Gerson da Rosa Pereira, major Bombeiro que incluiu documentos posteriormente na pasta referente ao alvará da boate
15 - Renan Severo Berleze, sargento Bombeiro que também incluiu documentos na pasta

Falso testemunho
16 - Elton Cristiano Uroda, ex-sócio da boate Kiss, que teria mentido em depoimento à polícia

Prefeito e bombeiros sob suspeita

Para a polícia civil, além das pessoas listadas acima, há indícios de infrações ou crimes de outros agentes públicos que foram remetidos às instâncias devidas da justiça. Nestes casos, não cabe mais à polícia conduzir as investigações.

- Cezar Augusto Schirmer, prefeito de Santa Maria: para a polícia, há indícios de homicídio culposo e improbidade administrativa. Por isso, cópia do inquérito foi enviada ao Tribunal de Justiça do estado e à CPI instaurada na Câmara de Vereadores da cidade.


- Nove bombeiros que participaram das operações de salvamento, incluindo o comandante do Corpo de Bombeiros de Santa Maria, tenente-coronel Moisés da Silva Fuchs, correm o risco de responder também por homicídio culposo perante à Justiça Militar. A polícia acredita que os bombeiros não deveriam ter permitido que pessoas entrassem e saíssem da boate para salvar outras vitimas, já que muitos acabaram perdendo a vida nesse processo.

“O ambiente era hostil, mas obviamente que as pessoas que estavam fora não poderiam ter regressado. Houve negligência em impedir que as pessoas entrassem”, disse o delegado Sandro Meinerz.

Conclusões

No mais, as conclusões da Polícia Civil do RS não surpreendem: entre os erros apontados que levaram ao trágico desfecho, estão o uso de fogos de artifício inadequados para locais fechados, uso de espuma de revestimento do teto da boate também inadequada, superlotação, falta de sinalização e saídas de emergência.

O caso de Santa Maria deu origem ao maior inquérito da polícia no estado. Em 55 dias, 810 pessoas foram ouvidas. O material final tem 13 mil páginas.

Relatório Final da Polícia Civil do RS sobre incêndio da boate Kiss

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