Ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (Elza Fiúza/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2014 às 19h14.
Brasília - O Ministério Público analisa vídeos nos quais o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda afirma ter votos de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) favoráveis a sua candidatura.
Na conversa, ele diz que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estaria trabalhando para convencer o ministro Gilmar Mendes, que atua no TSE, a liberá-lo para disputar um novo mandato de governador.
Está programado para a noite desta terça-feira, 26, o julgamento no qual o TSE analisará um recurso de Arruda contra decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF que barrou a sua candidatura ao governo.
Para os juízes do TRE, Arruda não pode concorrer ao governo distrital porque em 9 de julho o Tribunal de Justiça (TJ) do DF confirmou uma condenação dele por improbidade administrativa.
Pela Lei da Ficha Limpa, políticos condenados por tribunais não podem se candidatar. No entanto, Arruda sustenta que a confirmação da condenação ocorreu cinco dias após ele ter pedido o registro da candidatura.
Segundo ele, as condições de elegibilidade devem ser verificadas no dia 4 de julho, quando o registro foi solicitado.
Fernando Henrique divulgou uma nota sobre o caso. Confirmou que Arruda falou com ele sobre o recurso que será julgado pelo TSE.
"Queria que o julgamento ocorresse a tempo de, se favorável, concorrer ao governo de Brasília. Como sempre, sou muito cuidadoso nessas matérias. Apenas indaguei o ministro Gilmar se havia chance de isso ocorrer. Fui informado de que haveria um julgamento anterior que pré-julgaria o caso. Nada mais pedi a ninguém nem nada mais me foi dito", disse.
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo procurou Gilmar Mendes, mas ele disse que não se pronunciaria sobre o caso. O julgamento do recurso de Arruda não será o primeiro no qual Mendes se posicionará sobre a Lei da Ficha Limpa.
O ministro tem entendido que as condições de elegibilidade devem ser verificadas no momento em que o político pede o registro da candidatura.
A reportagem telefonou para o gabinete de João Otávio de Noronha, que também foi citado por Arruda na gravação. Mas, de acordo com assessores, ele não estava. Até a publicação deste texto no início na noite de terça-feira, Noronha não havia ligado de volta.