Natal: no Rio, esperava-se reunir 100 toneladas, e alcançou-se 120 (marilyna/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de dezembro de 2017 às 15h08.
Rio - Depois de dois meses de campanha, a Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida terminou sua coleta de alimentos para o Natal e começou, na manhã deste sábado, 16, a distribuição a seus comitês, que irão repassar cestas básicas a famílias carentes.
O volume angariado superou as expectativas iniciais: no Rio, esperava-se reunir 100 toneladas, e alcançou-se 120; para o Brasil, a meta era de 500 toneladas, e o total já chegou a 650, podendo superar 750.
As cestas foram reunidas no galpão da Ação da Cidadania, na zona portuária do Rio, para a retirada neste sábado pelos representantes dos comitês. No Estado, serão 12 mil famílias beneficiadas pelo Natal sem Fome, num total de 60 mil pessoas.
Duas toneladas de alimentos serão destinadas a servidores estaduais, que estão com salários atrasados há dois anos e passam por necessidades. Em todo o País, onde a campanha continua até o fim do mês, o número de habitantes alcançados pela campanha deve ser de mais de 250 mil, estima a ONG.
Os doadores são pessoas físicas e também empresas, como a Mastercard, maior colaborador, que doou R$ 1 para cada R$ 1 doado por consumidores, podendo chegar a R$ 500 mil, e a Ancar Ivanhoe, administradora de shoppings, que arrecadou 100 toneladas de alimentos. As cestas básicas a serem entregues a famílias carentes previamente cadastradas nos comitês contêm dez quilos dos seguintes itens: arroz, feijão, fubá, óleo, açúcar e macarrão.
A ONG considera que o Natal sem Fome é uma ação simbólica, que servirá para chamar a atenção da sociedade para a possibilidade de o Brasil voltar ao Mapa da Fome das Nações Unidas, do qual saiu em 2014. A lista reúne países que têm mais de 5% de sua população ingerindo menos calorias do que necessitam.
A campanha, criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1993, foi retomada este ano. Voltou, depois de uma década de conclusão, justamente por conta do aumento da pobreza extrema no País nos últimos três anos, na esteira da crise econômica e do aumento do desemprego - segundo o IBGE, mais de sete milhões passam fome no País.
"O Brasil está num momento de tanta distensão social e radicalismo que faltava um tema para unificar a população, e sem viés partidário. As pessoas estão sedentas de ações que não tenham a ver com política", disse Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania, ao explicar a arrecadação acima das expectativas. "Ninguém quer que o outro passe fome, independentemente de ser de direita ou de esquerda."