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Arquidiocese investiga há dois anos caso de abuso sexual em Fortaleza

Ele é acusado de assediar e enviar "nudes" para um adolescente que trabalhava na paróquia, mas o padre nega a acusação

Inquérito da Igreja sobre o caso foi enviado ao Vaticano no ano passado (Joe Klamar/AFP/AFP)

Inquérito da Igreja sobre o caso foi enviado ao Vaticano no ano passado (Joe Klamar/AFP/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de março de 2019 às 10h59.

Sorocaba - A arquidiocese de Fortaleza investiga há dois anos um caso de abuso sexual envolvendo um membro do clero da capital cearense. Desde 20 de abril de 2017, o padre Raimundo Nonato da Silva, que respondia pela paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no bairro Conjunto Ceará, está suspenso do uso da ordem sacra por decreto do arcebispo d. José Antonio Aparecido Tosi.

Ele é acusado de assediar e enviar "nudes" para um adolescente que trabalhava na paróquia, mas o padre nega a acusação. O inquérito da Igreja sobre o caso foi enviado ao Vaticano no ano passado.

Nesta quinta-feira, 7, o arcebispo referiu-se ao caso do padre afastado ao dar exemplo de que a arquidiocese está coesa com a diretriz do papa Francisco de dar rapidez e transparência à apuração dos casos de abusos sexuais no clero. No dia anterior, ao final do lançamento da Campanha da Fraternidade de 2019, d. José Antonio já havia dito à imprensa que todas as Igrejas do Brasil estão atentas aos abusos, citando o caso do padre. "Se tem algum caso, é encaminhado para a justiça da Igreja, em primeiro lugar, e, se confirmado, também para a justiça civil", disse.

Procurado, o arcebispo informou, por meio de sua assessoria, que o caso envolvendo o padre Raimundo ainda está sob a análise de Roma e, se ficar comprovado o abuso, será encaminhado à Justiça de Fortaleza. Conforme a assessoria, d. José fez chegar aos bispos e padres da arquidiocese que deseja "firmeza e rapidez" na apuração de qualquer denúncia relacionada a abusos de menores pelo clero. A arquidiocese não informou se houve novas denúncias, além daquela que resultou na suspensão do padre Raimundo.

O presidente do Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Fortaleza, padre Antonio Carlos do Nascimento, disse que não há casos novos em apuração. "É praxe da Igreja afastar imediatamente o padre, quando surge uma suspeita. Isso não quer dizer que seja culpado, pois é uma medida preventiva." Segundo ele, o próprio bispo inicia a investigação e, havendo provas, encaminha para o tribunal. Desde 2015, quando assumiu a função no tribunal, esse foi o único caso de que teve conhecimento. "Se houve algum caso novo, ainda não chegou até o tribunal", disse.

O padre Raimundo foi acusado de assédio sexual por um jovem que trabalhava com ele na paróquia. Os abusos começaram quando o adolescente tinha 13 anos. À investigação, ele contou que o padre o nomeou seu secretário particular e começou a fazer propostas sexuais, oferecendo dinheiro e a compra de celulares. O assédio se tornou escancarado quando o padre passou a enviar fotos de seu órgão sexual para o adolescente.

Com a suspensão, o padre foi impedido de celebrar missas e ministrar sacramentos. Após as investigações, conduzidas por dois sacerdotes nomeados pela arquidiocese, o processo foi encaminhado ao Vaticano. A reportagem não conseguiu contato com o padre Raimundo. A paróquia de Nossa Senhora da Conceição informou que, desde o afastamento, ele mora com familiares no interior. Na investigação prévia, ele negou todas as acusações e disse que era vítima de uma armação.

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