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Aras nomeia Lindora Araújo como nova coordenadora da Lava Jato na PGR

A nomeação acontece depois que o atual ocupante do cargo, o subprocurador José Adônis Callou de Araújo Sá, decidiu pedir demissão nesta quinta-feira

Augusto Aras: de acordo com fontes, o procurador-geral não teria dado autonomia para o coordenador da operação (Pedro França/Agência Senado)

Augusto Aras: de acordo com fontes, o procurador-geral não teria dado autonomia para o coordenador da operação (Pedro França/Agência Senado)

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Reuters

Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 20h03.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, anunciou na noite desta quinta-feira a subprocuradora-geral da República Lindora Maria Araújo como nova coordenadora do grupo da operação Lava Jato que atua na Procuradoria-Geral da República (PGR), após a decisão do atual ocupante do cargo, o subprocurador José Adônis Callou de Araújo Sá, de pedir demissão.

A indicação de Lindora foi confirmada em nota da assessoria de imprensa da PGR. A equipe da Lava Jato será ainda reforçada com a chegada dos procuradores regionais Raquel Branquinho e Vladimir Aras, disse a nota.

Reportagem publicada pelo site O Globo que revelou o pedido de demissão de Araújo Sá relata que o motivo da saída dele teria sido a promessa não cumprida pelo procurador-geral da República, de liberdade na condução dos casos da operação na PGR, responsável por atuar contra autoridades perante o Supremo Tribunal Federal (STF).

A assessoria de imprensa da PGR não se manifestou na nota à imprensa sobre o motivo da saída de Araújo Sá. Segundo a nota, Lindora Araújo vai acumular a nova função com a de integrante da equipe da gestão da PGR como secretária da Função Penal Originária no Superior Tribunal de Justiça. Esse cargo é responsável por conduzir investigações criminais contra governadores, por exemplo.

"Ela vai conciliar as duas funções. Todos os demais integrantes do GT (grupo de trabalho) permanecem na equipe, o que demonstra coesão do grupo e garante a continuidade dos trabalhos planejados e executados nos últimos quatro meses", destacou a nota.

Araújo Sá havia sido ungido ao cargo por Augusto Aras em outubro do ano passado. Aras foi escolhido para comandar a PGR pelo presidente Jair Bolsonaro, escolha essa que foi criticada em parte por integrantes do Ministério Público Federal por ter sido feita à revelia da lista tríplice da associação da categoria. Essa lista vinha balizando as escolhas para PGR desde 2003, no primeiro mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Meio-campo

Um integrante do MPF com trânsito na carreira afirmou, sob a condição do anonimato, que a nova coordenadora é da geração de Augusto Aras e tida como procuradora conservadora e de personalidade "muito forte". Ele disse duvidar que ela aceitasse o convite para coordenar o grupo sem carta branca.

"Pode dar certo, desde que alguém faça o meio-campo com a base da Lava Jato", disse essa fonte. Ela avaliou que Vladimir Aras --primo de Augusto-- pode ajudar nessa tarefa, mesmo não sendo do mesmo grupo dele dentro do MPF.

Outro procurador da República que conhece Araújo Sá afirmou, também sob a condição do anonimato, que era previsível que a saída dele ocorresse. Ele disse que não teria como Augusto Aras cortejar todo mundo, agradando o presidente de um lado e internamente os colegas do MPF por outro. Araújo Sá, destacou, que sempre foi um nome bem-visto na carreira e poderia sim deixar o cargo se eventualmente tivesse uma interferência em seu trabalho.

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