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Repórter Exame IN
Publicado em 17 de agosto de 2024 às 11h37.
Última atualização em 17 de agosto de 2024 às 12h34.
"Chegou aquele que a gente queria para o Brasil governar. Agora o povo está contente. Já temos em quem votar. É o 26, é o 26. Com Silvio Santos, chegou a nossa vez". Era assim que, em 1989, o empresário e um dos mais célebres apresentadores da televisão brasileira se apresentava não mais à sua audiência, mas a aqueles que ele queria como eleitores.
Sim, em 1989, Silvio Santos se filiou ao então PMB (Partido Municipalista Brasileiro) para entrar na corrida eleitoral, no mesmo pleito em que concorriam Fernando Collor de Melo e Luiz Inácio Lula da Silva.
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Era, também, a primeira disputa com eleições diretas para presidente do país, depois de 40 anos de ditadura militar e do mandato de José Sarney, que assumiu após a morte de Tancredo Neves, que tinha sido eleito presidente pelos congressistas.
Ele se lançou candidato pelo PMB apenas semanas antes do pleito, substituindo Armando Corrêa, que enfrentava problemas de registro da candidatura. A entrada tardia de Silvio Santos causou grande alvoroço, e ele rapidamente se tornou um dos favoritos na disputa, devido à sua popularidade como apresentador de televisão.
Muito rapidamente ele se tornou um dos principais alvos da campanha de Fernando Collor de Melo, que temia perder a eleição dada a popularidade de Silvio -- que mesmo com tão pouco tempo como candidato, chegou a liderar as pesquisas.
No entanto, sua candidatura enfrentou vários obstáculos legais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impugnou sua candidatura alegando irregularidades no registro do partido, especialmente por falta de cumprimento das exigências legais para a substituição do candidato. Com isso, Silvio Santos foi obrigado a deixar a corrida presidencial. E Collor foi eleito.
Além da tentativa de concorrer à presidência, Silvio Santos também considerou se candidatar à prefeitura de São Paulo em 1988, mas acabou desistindo antes de formalizar sua candidatura.
Mais tarde, ele também foi cogitado para outros cargos políticos, mas nunca concretizou essas tentativas.
Silvio Santos manteve relações próximas com a maioria dos presidentes e governos.
Depois de criar o SBT, Silvio criou o quadro “A Semana do Presidente”, para divulgar os feitos do governo, numa mistura de ufanismo e informação.
Foram mais de 20 anos de programa, entre 1981, ainda no governo militar, até 1996 no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Eu sou concessionário, um ‘office boy’ de luxo do governo. Faço aqui o que posso para ajudar o país e respeito o presidente, qualquer que seja o regime”, disse o apresentador em 1988, para o jornal Folha de São Paulo.
Mais recentemente foi especialmente próximo de Michel Temer, que assumiu a presidência em 2016 após a o impeachment de Dilma Rousseff, e de Jair Bolsonaro.
Chegou a levar Temer em seu programa dominical em 2018, mas teve ainda mais participações de Jair Bolsonaro no SBT, como a ligação ao vivo do então presidente ao programa Teleton. Bolsonaro também teve Fabio Faria, genro de Silvio Santos, como ministro das Comunicações.