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Após superar negativas de patrocínio, Anima Mundi começa com 300 exibições

Maior festival de animação da América Latina perdeu seu principal financiador, a Petrobras, e recebeu 200 negativas de investimento

Invisible de Miyazaki: animação será exibida pela primeira vez durante o Anima Mundi (Invisible de Miyazaki/Reprodução)

Invisible de Miyazaki: animação será exibida pela primeira vez durante o Anima Mundi (Invisible de Miyazaki/Reprodução)

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Clara Cerioni

Publicado em 17 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 17 de julho de 2019 às 06h00.

São Paulo — "É tudo ou nada e vocês têm 45 dias". Esse foi o prazo que a organização do maior festival de animação da América Latina, o Anima Mundi, teve para conseguir bater a meta de 400 mil reais de um financiamento coletivo e garantir a realização da 27ª edição do evento.

Ao todo serão dez dias de festival, com início nesta quarta-feira (17) até o próximo domingo (21), no Rio de Janeiro. Depois, no dia 24, ele desembarca em São Paulo, onde terá programação até o dia 28. Haverá programações gratuitas e outras pagas, que variam de 5 reais a 18 reais.

O curto tempo para colocar o evento de pé foi consequência de um revés determinante: depois de duas décadas, a Petrobras, principal patrocinadora do Anima Mundi, anunciou em abril que estava revendo seus contratos e neste ano não iria financiar o festival. Na edição do ano passado, a estatal investiu 700 mil reais no evento.

Além da Petrobras, a organização recebeu também a negativa de investimento de mais de 200 empresas privadas, o que aprofundou a necessidade de apoio público para garantir a manutenção do festival.

"estava em nossos planos o financiamento coletivo, mas não nesse formato. Estávamos desenhando uma colaboração para possibilitar a criação de um clube da animação para aproximar e engajar nosso público ao longo do ano com outras ações", diz Fernanda Cintra, diretora executiva do evento, que elaborou as principais estratégias para o financiamento.

Em suas quase três décadas de história, o Anima Mundi foi responsável por revelar alguns dos maiores nomes da animação nacional, como Carlos Saldanha (“A Era do Gelo” e “Rio”) e Alê Abreu (“O menino e o mundo”). 

Neste ano, a expectativa é que sejam exibidos mais de 300 filmes de artistas de 40 países diferentes. Só do Brasil, serão 100 produções. Segundo Fernanda Cintra, o festival foi levantado em dez dias e contou com uma equipe 70% menor do que em outras edições. "Estamos muito felizes com o resultado", relata.

Investimento da população

A rapidez com que o Anima Mundi conseguiu captar a verba necessária é fruto não apenas da relevância do evento mas também das estratégias que foram adotadas.

"Existem as plataformas de financiamento, mas a campanha adotou uma estratégia de comunicação que definiu toda a narrativa, o storytelling, o mapeamento, tudo isso com recompensas positivas para os benfeitores. Não é só tirar dinheiro do bolso e doar", diz Marcelo Ghizi, analista de Conteúdo Integrado da Casa Firjan.

Uma pesquisa da organização deste ano sobre economia criativa revelou que, por conta da forte queda de investimento nos últimos anos em cultura, aumentou exponencialmente a dependência dos eventos dessa área da participação de financiamento coletivo.

No caso do Anima Mundi, todos os interessados nas oportunidades que o festival proporciona precisaram se juntar para mantê-lo vivo. "Foi o reflexo de 26 anos de trabalho dessa instituição que nasceu e cresceu focada na criação e desenvolvimento da indústria de animação brasileira", afirma Fernanda Cintra.

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