Presidente da Câmara, Eduardo Cunha: Cunha permaneceu em casa durante todo o período do cumprimento de mandados (Wilson Dias/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2015 às 13h00.
Brasília - Apesar de rumores que circularam durante toda a manhã desta terça-feira, 15, na Câmara dos Deputados, de que o presidente da Casa, Eduardo Cunha, renunciaria ao cargo, fontes ligadas à defesa do parlamentar, ouvidas pelo jornal O Estado de S.Paulo, negaram esta possibilidade.
Cunha permaneceu em casa durante todo o período do cumprimento de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal, hoje pela manhã.
Agora, depois de ter sido aprovado o parecer do relator da Conselho de Ética da Câmara pela continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra ele, o presidente da Câmara recebe aliados em um almoço na residência oficial.
Já entraram na residência de Cunha o ex-deputado Sandro Mabel, que ainda atua como articulador político, apesar de não ter mais mandato; o líder do PHS, Marcelo Aro (MG); Domingos Neto (CE), líder do PMB, e Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade.
Os almoços às terças-feiras são uma rotina desde que Cunha assumiu a presidência, mas foram se esvaziando à medida em que as denúncias contra o peemedebista foram ganhando força.
De acordo com a assessoria de Cunha, ele seguirá normalmente a agenda parlamentar prevista para esta tarde. E deve se manifestar, na Câmara, até o fim do dia sobre a operação da PF.
Governo
Integrantes do PMDB ligados ao vice-presidente Michel Temer atribuíram ao Palácio do Planalto a responsabilidade pela nova fase da Operação Lava Jato que cumpriu mandados de busca e apreensão em residências e escritórios de algumas das principais lideranças do partido nesta terça-feira.
Para peemedebistas ouvidos pelo Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, o fato "bota lenha na fogueira" e "empurra" de vez o partido para fora do governo Dilma Rousseff.
Na avaliação desses membros do PMDB, houve uma "ação orquestrada" pelo governo, com apoio do Ministério Público e da Polícia Federal, para "intimidar" a legenda, em meio ao processo de impeachment de Dilma.
O processo foi deflagrado na semana retrasada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Peemedebistas afirmam que a operação vai contribuir para membros da executiva nacional do PMDB aprovarem, em reunião marcada para amanhã, resolução impedindo filiações consideradas "oportunistas" pelas lideranças da sigla.
A estratégia foi definida por Temer e Cunha durante reunião ontem, para barrar articulação da bancada do Rio e do Planalto para restituir Leonardo Picciani (RJ) na liderança do PMDB na Câmara.
A operação também pode acelerar a decisão da executiva nacional de antecipar a convenção nacional do partido, prevista para março. No evento, o partido pode aprovar o desembarque da sigla do governo Dilma.
Ontem, deputados anunciaram que pelo menos 10 dos 27 diretórios estaduais do PMDB já assinaram documento pedindo a antecipação da convenção, mais do que os 9 apoios mínimos necessários.