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PUC está em pé de guerra por sucessão na reitoria

Conselho Universitário não considera legítima a posse da professora Anna Cintra e deu prazo para ela se defender: dia 12 de dezembro. Fundação SP confirma posse, mas cancela cerimônia

PUC em greve: alunos em frente à reitoria em protesto contra a escolha de Anna Cintra, última colocada na lista tríplice (Divulgação)

PUC em greve: alunos em frente à reitoria em protesto contra a escolha de Anna Cintra, última colocada na lista tríplice (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2012 às 09h51.

São Paulo – Depois de quase um mês de greve de professores e alunos, desde que o nome de Anna Cintra foi escolhido pelo arcebispo Odílio Scherer para assumir a reitoria da PUC apesar de ela ser a candidata menos votada em uma lista tríplice - o Conselho Universitário da PUC-SP decidiu hoje pela suspensão da posse da professora, marcada para esta sexta-feira.

Segundo decisão do Conselho Universitário, a professora, que foi convidada para as duas reuniões que aconteceram hoje, mas não compareceu, tem cinco dias a partir de segunda-feira para analisar o recurso apresentado pelos membros em greve da PUC.

Em nota, a entidade afirmou que “Anna Cintra deverá sustentar sua defesa na próxima reunião do Consun, no dia 12/12. O professor Conselheiro Marcos Tarciso Masetto foi indicado pelo Consun para assumir a reitoria durante o período de vacância”.

A decisão reitera que o Conselho Superior Universitário seria a instância máxima da universidade, que é controlada pela Fundação São Paulo, presidida pelo arcebispo Odilo Scherer. Seguindo o estatuto da universidade, Scherer escolheu a reitora com base na lista tríplice formulada através de eleições diretas. Pela primeira vez, porém, foi escolhido um candidato que não teve o maior número de votos, desencadeando um movimento grevista com apoio de alunos, professores e funcionários.

“O cardeal (Odilo Scherer) renegou a história da PUC e pela primeira vez em 30 anos não nomeou o primeiro colocado da lista tríplice feita por eleições diretas”, diz a aluna de Direito Isadora Martinatti, participante do movimento grevista. Anna Cintra chegou a assinar um documento se comprometendo a não assumir a menos que fosse a primeira colocada. “Ela jamais será vista como legítima”, afirma Isadora.


Segundo representantes do Conselho Universitário, a decisão é soberana e, caso contrariada, representaria uma "ruptura" na PUC. Se a posse ocorrer, ela não será considerada legítima pelo Consun.

Procurada, a assessoria de imprensa da PUC afirmou que quaisquer esclarecimentos sobre a transição teriam de ser feitos pela Fundação São Paulo. O atual reitor (e o candidato com mais votos nessa eleição), Dirceu de Mello, não quis se pronunciar sobre o assunto. 

 Em resposta aos questionamentos de EXAME.com, a Fundação São Paulo enviou, por e-mail, nota em que reafirma a legitimidade da posse de Anna Cintra, afirma que a decisão do Conselho não foi comunicada oficialmente ao arcebispo e confirma a posse para esta sexta-feira, mas a cerimônia está cancelada.

Confira nota na íntegra:

"A Fundação São Paulo reafirma a legitimidade da escolha da professora Anna Maria Marques Cintra como reitora da PUC-SP.

A nomeação foi feita pelo cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, grão-chanceler da instituição, com base na lista tríplice, indicada pela comunidade universitária após consulta pública e homologada pelo Conselho Universitário, conforme estabelece estatuto da PUC-SP.

O resultado da reunião do Conselho Universitário ainda não foi comunicado oficialmente ao grão-chanceler, que se posicionará sobre o assunto.

A posse da nova reitora está prevista para esta sexta-feira (30/11)."

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