Graça: seu último ato na Petrobras foi apresentar nome de quatro diretores que assumiram interinamente (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 20h06.
São Paulo - Após se despedir da Petrobras na sexta-feira, Graça Foster optou pela reclusão.
No final de semana, decidiu permanecer em casa e não foi vista cumprindo rotinas tradicionais, como a caminhada diária e a missa de domingo.
Procurada neste domingo, 8, pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Graça não quis comentar a atual situação da estatal e os episódios que culminaram em sua renúncia e de cinco diretores.
"Vida que segue. Não quero falar sobre isso", limitou-se a afirmar.
Seu último ato na companhia foi apresentar ao conselho de administração o nome de quatro diretores que assumiram interinamente.
Os executivos são nomes de confiança dos ex-diretores e agora serão responsáveis pela transição entre a atual e antiga gestão.
Já o anúncio de Aldemir Bendini, para a presidência, e de Ivan Monteiro, para a diretoria financeira, foi feito durante a reunião pelo presidente do conselho, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Uma fonte presente ao encontro de sexta-feira lembra que Graça participou pouco, via videoconferência.
A intenção inicial era fazer um longo discurso de despedida, um desabafo da funcionária de carreira que começou na estatal como estagiária e chegou à chefia máxima da petroleira em 2012.
O discurso não foi lido até o fim. Com a voz embargada, Graça desistiu ainda nos primeiros parágrafos.
Ela e os demais diretores que renunciaram aos cargos permaneceram no Rio de Janeiro, na sede da empresa.
Mantega e os demais conselheiros estavam reunidos em São Paulo.
A aprovação da nova diretoria era o último ponto da pauta a ser debatido.
Mas acabou antecipada depois que os conselheiros independentes, representantes dos acionistas minoritários e empregados, foram surpreendidos com a notícia divulgada na imprensa de que Bendine seria o novo presidente.
Os conselheiros independentes vinham sendo acusados pela diretoria da Petrobras de vazarem informações divulgadas durante a reunião.
Ao lerem em sites o nome do novo presidente, que havia sido escolhido no dia anterior em encontro do qual participaram exclusivamente os conselheiros representantes da União, protestaram e acusaram o Planalto de vazar a informação.
A resposta de Mantega foi que a notícia era um "chute" da imprensa.
Aprovada a nova diretoria da Petrobras, a equipe anterior se desligou completamente da empresa e permanece em casa.
No sábado, em seu primeiro dia de ex-presidente da Petrobras, Graça se manteve reclusa em sua residência, em Copacabana, zona sul do Rio.
Garçons do bar instalado em frente à residência de Graça contaram que, por volta das 7 horas da manhã, ela era vista retornando da caminhada diária, acompanhada de seguranças, mesmo nos finais de semana.
Mas, naquele dia, não tinham visto aquela que apelidaram de "madrinha", por causa da sua influência.
Também os dois carros que permaneciam nas duas esquinas em frente ao edifício enquanto a ex-presidente da Petrobras estivesse em casa, naquele sábado pós-renúncia, não estavam lá.
Apenas o motorista de Graça apareceu por volta de meio dia para deixar na portaria uma caixa de papelão e uma sacola com a marca da Petrobras.
Nem mesmo na igreja Graça apareceu no domingo. Ela costuma frequentar a missa das 18 horas, na Paróquia São Paulo Apóstolo, próxima à sua residência. Mas, ontem, não compareceu.