João Doria: antes da divulgação da chamada lista de Fachin, aliados de Alckmin e Aécio começaram uma disputa de bastidores sobre quem seria o mais atingido nas delações da Odebrecht (Nacho Doce/Reuters)
Reuters
Publicado em 12 de abril de 2017 às 16h46.
Última atualização em 12 de abril de 2017 às 17h11.
Brasília - As contundentes acusações feitas em delação premiada por executivos da Odebrecht que envolveram os principais nomes cotados pelo PSDB para concorrer ao Palácio do Planalto em 2018 fazem aumentar as especulações internas sobre uma eventual candidatura presidencial do prefeito de São Paulo, João Doria.
Lideranças nacionais e governadores tucanos entraram na mira direta da operação Lava Jato, após a divulgação da nova lista de investigados feita pelo relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), é um dos campeões de inquéritos, com cinco abertos. Já o governador de São Paulo e mentor de Doria, Geraldo Alckmin, teve seu caso remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que é a Corte que autoriza investigação de governadores.
Outros nomes do PSDB que poderiam ensaiar um voo nacional no momento de dificuldade dos maiores nomes do partido também foram alvejados pela operação, caso dos governadores do Paraná, Beto Richa, e de Goiás, Marconi Perillo. Eles dois também devem ser alvos de investigação do STJ.
Um interlocutor direto de Aécio Neves admitiu, sob a condição do anonimato, que no cenário de hoje não tem como Doria não ser candidato a presidente.
"É o único que vai estar limpo para fazer campanha e bater no Lula", afirmou essa fonte, destacando que o prefeito paulista já tem aparecido em sondagens internas como o tucano mais bem posicionado na disputa presidencial de 2018.
Doria tem feito um esforço público nos últimos dias de negar, em entrevistas, que tenha pretensões presidenciais e que o candidato dele ao Planalto é Alckmin.
Ainda assim, não descarta definitivamente a possibilidade. Em entrevista à Reuters, na semana passada, ao ser indagado sobre a possibilidade de lançar-se caso as pesquisas o apontem como único capaz de fazer frente a Lula, foi evasivo: "o futuro a Deus pertence".
Há quem defenda, nesse cenário de "terra arrasada", que Alckmin seja candidato a senador por São Paulo e Aécio, senador ou até deputado federal por Minas Gerais.
Antes da divulgação da chamada lista de Fachin, aliados de Alckmin e Aécio começaram uma disputa de bastidores sobre quem seria o mais atingido nas delações da Odebrecht.
Um interlocutor do governador paulista considerava que ele iria passar sem sobressaltos na Lava Jato, mesmo tendo de eventualmente responder a um inquérito no STJ e que Aécio ficaria inviabilizado.
Também antes da divulgação da lista, uma fonte ligada a Aécio, contudo, rebateu esse raciocínio, dizendo considerar ser "muito difícil" Alckmin ser o candidato do partido a presidente.
Citam o controle de Aécio sobre o comando da legenda e também as implicações da Lava Jato --Alckmin seria o "Santo" das planilhas da empreiteira-- e eventuais revelações que o ex-diretor da Dersa Paulo Preto possa fazer em delação premiada que fragilizaria o governador. O governador nega qualquer envolvimento em irregularidades.