O ex-ministro do STF Teori Zavascki (Ueslei Marcelino/Reuters)
Maurício Grego
Publicado em 18 de maio de 2017 às 15h50.
São Paulo - Francisco Zavascki, filho do ex-ministro do STF Teori Zavascki, morto em um acidente de avião no início deste ano, publicou uma espécie de desabafo em seu Facebook nesta quarta-feira (17), após a revelação pelo jornal O Globo de gravações comprometendo nomes como Michel Temer e Aécio Neves.
O comentário, que foi apagado em seguida pelo jovem, sugeria que a operação Lava Jato passou a contrariar interesses do PMDB e, então, precisava ser contida pelo partido. Francisco disse que o PT também estava “aproveitando tudo de bom que o governo dá”, mas que “era incompetente” e “nunca tentou nada para barrar” a operação da PF.
Ao partido de Michel Temer, o filho de Teori endereçou algumas questões incisivas: “Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo?”. Ao fim da publicação, a conclusão do jovem é ainda mais direta. “Desculpem o desabafo, mas não tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai!”.
Confira, a seguir, o texto na íntegra:
“O PMDB está no poder desde sempre e, como todos sabemos, estava com o PT aproveitando tudo de bom que o Governo pode dar… até que veio a Lava jato.
A ordem sempre foi a de parar a Operação (isto está gravado nas palavras dos seus líderes). Todavia, ao que parece, até para isso o PT era incompetente e, ao que tenho notícia, de fato, o PT nunca tentou nada para barrar a Lava Jato (ao menos o pai sempre me disse que nunca tinham tentando nada), o que sempre gerou fortes críticas de membros do PMDB.
O problema é que as investigações começaram a ficar mais e mais perto e os líderes do PMDB viram como única saída, realmente, brecar a Operação a qualquer custo. Para isso, precisava do poder. Derrubaram a Dilma e assumiu o Temer.
Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo?
O pai sabia de tudo isso. Sabia quanto cada um estava afundando nesse mar de corrupção. Não é por acaso que o pai estava tão afilho [sic] com o ano de 2017.
Aflito ao ponto de me confidenciar que havia consultado informalmente as Forças Armadas e que tinha obtido a resposta de que iriam sustentar o Supremo até o fim!
Que gente sínica [sic]. Não tem coisa que me embrulha mais o estômago do que lembrar que, no dia do velório do meu pai, diante de tanta dor, ainda tive que cumprimentar os membros daquele que foi apelidado naquele mesmo dia de o “cortejo dos delatados”.
Impeachment já!
Desculpem o desabafo, mas não tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai!”