Paulo Guedes: o ministro da Economia assumiu pessoalmente a função de negociar com parlamentares (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2019 às 06h06.
Última atualização em 3 de abril de 2019 às 06h27.
Uma semana depois de ter cancelado sua ida à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) instalada na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, 3, o ministro da economia, Paulo Guedes, deverá comparecer ao congresso para discutir a reforma da Previdência junto aos parlamentares. A visita, que a priori estava marcada para o último dia 26, foi abortada de última hora pela equipe econômica do governo, que reclamava a ausência de um relator ― que já foi escolhido ― e temia ataques da oposição e da própria bancada do PSL ao projeto.
Após a decisão de não comparecer à CCJ, a tramitação da reforma, que já vinha sendo vista com cautela em meio a discussões entre o líder da câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o presidente Jair Bolsonaro, ficou ainda mais desgastada. Na ocasião, o dólar chegou a quatro reais ― maior alta desde outubro ― e cogitou-se, até mesmo, a convocação de Guedes à CCJ.
Para apaziguar os ânimos e preencher uma das lacunas criticadas por Guedes, na última quinta-feira, o deputado federal Marcelo Freitas (PSL-MG) foi escolhido relator da comissão, a primeira pela qual o texto da nova previdência passa antes de ir ao plenário. Segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, “era importante que fosse um nome do PSL, traz tranquilidade ao país”.
Entretanto, não é só a oposição que está sob o leque de críticas do ministro da economia. Quando faltou ao último encontro da CCJ, Guedes afirmou que, se tratando de previdência, o governo vem enfrentando a si mesmo no parlamento. “Quando parte para ações no Congresso, o próprio opositor dele [do governo] é ele mesmo. Então algo está falhando do nosso lado”, disse.
De lá pra cá, Guedes falou por cinco horas a senadores e assumiu, ele mesmo, a negociação com o Congresso, numa estratégia considerada inusitada por analistas políticos. A bancada do PSL finalmente fechou um pacto de apoio à reforma da Previdência. A dúvida, agora, é que mudanças vêm pela frente. A reunião de hoje deve deixar mais claro o tom de críticas e até onde chegará a provável desidratação do texto.