Após Bolsonaro chamar Greta Thunberg de "pirralha", a ativista atualizou a biografia de seu Twitter (Getty Images/Reuters/Montagem/Exame)
São Paulo - A ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, atualizou a biografia do seu Twitter para "Pirralha", após ter sido criticada com o termo pelo presidente Jair Bolsonaro na manhã desta terça-feira (10).
Greta havia se manifestado sobre a morte de dois indígenas guajajaras no sábado, e Bolsonaro foi questionado sobre o assunto nesta manhã na saída do Palácio do Alvorada.
“Índio? Qual o nome daquela menina lá? De fora, lá? Greta. A Greta já falou que os índios morreram porque estavam defendendo a Amazônia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí. Pirralha”, disse o presidente.
Em suas redes sociais, Greta havia escrito que "os povos indígenas estão literalmente sendo assassinados por tentar proteger a floresta do desmatamento ilegal” e que é “vergonhoso que o mundo permaneça calado sobre isso”.
É a segunda vez que a ativista é criticada por um chefe de Estado.
Em setembro deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ironizou a atuação da jovem após seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
“Ela parece ser uma jovem menina muito feliz, que está a caminho de um futuro maravilhoso e brilhante. Muito bom ver isso!”, disse.
Em resposta, Greta abraçou a definição do presidente americano, e atualizou a biografia do seu Twitter com a frase idêntica à falada por Trump.
a ativista sueca de 16 anos que se tornou um símbolo global do movimento de combate às mudanças climáticas.
As críticas da ativista não se restringiram apenas às redes sociais. Na segunda-feira (9), Greta compareceu à cúpula climática da ONU, em Madrid, na Espanha, e afirmou que os direitos indígenas estão sendo violados em todo o mundo, e que eles estão entre os mais atingidos pelas emergências climáticas.
“Os direitos deles estão sendo violados em todo o mundo, e eles também estão entre os mais atingidos, e mais rapidamente, pela emergência climática e ambiental”, disse a respeito das comunidades indígenas.
Greta se tornou um símbolo global do movimento de combate às mudanças climáticas no ano passado, quando começou a protestar de forma solitária do lado de fora do Parlamento sueco, gesto que se transformou no Fridays for The Future e foi replicado ao redor do mundo.
Em setembro, o movimento culminou nas maiores manifestações da história sobre mudanças climáticas, envolvendo mais de 4 milhões de pessoas em 163 países.
O governo Bolsonaro, por outro lado, decidiu não sediar a COP 25, mandou representantes para uma conferência de negacionistas e tem em seu governo vários membros que questionam a ação humana nas mudanças climáticas, um consenso na comunidade científica.
O site da NASA nota que os estudos de publicações científicas revistos por seus pares mostram que 97% dos cientistas que ativamente publicam trabalhos sobre o tema concordam ser “extremamente provável” que as tendências de aquecimento global no último século sejam resultado da atividade humana.
(Com informações da Agência O Globo e da Reuters)