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Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 19h08.
Rio - Um dia após o caos provocado pelo descarrilamento de um trem na zona norte do Rio, o vice-governador Luiz Fernando Pezão defendeu a Supervia nesta quinta-feira, 23, e afirmou que está satisfeito com a operação da concessionária, controlada pela Odebrecht. Pré-candidato do PMDB na sucessão estadual, Pezão disse que o sistema ferroviário "está ganhando credibilidade" e atribuiu os recorrentes problemas a "quarenta anos de abandono".
"Não se recupera um sistema com mais de 200 km de linha de uma hora para outra. Estamos renovando toda a frota, já investimos mais de US$ 600 milhões. Quando entramos, eram transportados 300 mil passageiros, hoje são 650 mil. É um processo", disse o vice-governador, que assumiu o cargo há sete anos. Indagado pela reportagem se está satisfeito com a concessionária, ele declarou: "Estou. É claro que a gente tem de cobrar cada vez mais, mas a Supervia tem um grande grupo por trás, o maior do Brasil, e isso dá tranquilidade para a gente." Em 2010, o governador Sérgio Cabral (PMDB) ampliou em mais 25 anos a concessão da Supervia, até 2048.
Para Pezão, o acidente de quarta-feira, 22, foi "um problemaço", mas o sistema "paga um preço por quarenta anos de abandono". "É claro que ainda tem muito para ser feito. Não se conserta quarenta anos em sete. Pagou-se o preço do sucateamento com a demagogia que tinha aqui de preços de passagem, sem reajuste, aquilo foi falindo. O sistema está ganhando credibilidade, mas ainda tem muito investimento para ser feito", declarou.
Segundo ele, setenta novos trens comprados da China começarão a chegar a partir do segundo semestre. "É um processo longo, mas pelo menos temos um norte. A gente sabe, é antigo, está sendo reformado, mas vemos uma luz no fim do túnel. Acredito que, a cada ano, vamos melhorar cada vez mais."
Para o vice-governador, foi "triste" deixar mais de 600 mil passageiros andando na linha do trem, a maioria sem a opção de usar ônibus ou o metrô, que ficaram superlotados. Ele destacou investimentos feitos pela concessionária e citou o novo Centro de Comando e Controle. "É claro que a gente quer mais velocidade em tudo, mas não se pode achar que não houve avanços e melhoras. Cada vez mais a empresa vai ter que melhorar os seus serviços", disse Pezão, sem falar em punições para a Supervia.
A reportagem também perguntou ao vice-governador se ele vai manter no cargo o atual secretário de Transportes, Júlio Lopes, quando assumir o governo, provavelmente em março, com a saída de Cabral para disputar uma vaga no Senado. Ele não quis responder. Nesta quinta, em vistoria no local do acidente, Lopes foi fotografado ao lado do presidente da Supervia dando uma gargalhada. Depois, o secretário disse que os problemas do sistema ferroviário só vão melhorar em 2016, com a renovação completa da frota e ampliação da capacidade. Nos anos 1970, o sistema de trens transportava mais de 1 milhão de passageiros no Rio.