Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: Lula liderava as pesquisas de intenção de voto até que a Justiça eleitoral invalidou em setembro sua candidatura (/Rodolfo Buhrer/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de outubro de 2018 às 21h49.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, não poderá votar nas eleições gerais de domingo por "falta de quórum" para instalar uma urna eletrônica na prisão.
Lula (2003-2010) liderava as pesquisas de intenção de voto até que a Justiça eleitoral invalidou em setembro sua candidatura, depois que a Justiça o condenou a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Preso há seis meses, no domingo (7) ele tampouco poderá votar em seu substituto na corrida presidencial, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Segundo a legislação eleitoral, presos sem condenação definitiva - caso de Lula - podem exercer seu direito ao voto, mas é preciso reunir pelo menos 20 interessados em votar para instalar uma urna em um centro, argumentou o Tribunal Eleitoral do Paraná, que lhe negou o pedido esta semana.
Na Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense, onde estão ele e outros presos da Lava Jato, Lula é o ínico interessado em exercer seu direito ao voto, acrescentou.
Segundo a defesa de Lula, estão negando a seu cliente um direito por uma questão "burocrática" e o tribunal rejeitou "todas as alternativas" que lhe foram propostas.
Pedimos "que pudesse votar em São Bernardo do Campo (interior de São Paulo), onde rotineiramente vota, ou qualquer outro lugar em Curitiba, e indefiriram tudo", disse à AFP Luiz Casagrande Pereira, um dos advogados do ex-presidente.
"Embora o direito ao voto seja individual, a viabilização do seu exercício aos enclausurados [...] é necessariamente coletiva" e não é possível instalar uma urna para cada interessado, diz o despacho da Justiça eleitoral, emitido na última terça-feira.
Seus advogados afirmam que outros presos na mesma condição de Lula foram autorizados a votar fora da prisão sob custódia policial e que recorrerão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que possa votar em um eventual segundo turno.
Lula foi condenado em primeira e segunda instâncias como beneficiário de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, que teria sido dado pela empreiteira OAS em troca de sua intermediação em contratos com a Petrobras.
Seus advogados foram a cortes superiores para reverter esta sentença, que o deixou de fora da disputa eleitoral e o levou para trás das grades.
Lula enfrenta outros cinco processos judiciais e, embora se declare inocente em todos, está exposto a novas condenações.
Haddad, nomeado por Lula como seu sucessor na candidatura à Presidência pelo PT, está em segundo nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), da extrema direita.