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Após anunciar reabertura, SP bate recorde e tem 6.382 novos casos em 24h

Além de São Paulo, Santa Catarina também registra aceleração de transmissão da covid-19 após flexibilizar a quarentena

São Paulo: com o aumento, o Estado tem 95.865 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (Eduardo Frazão/Exame)

São Paulo: com o aumento, o Estado tem 95.865 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (Eduardo Frazão/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de maio de 2020 às 19h44.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 19h48.

O Estado de São Paulo bateu um novo recorde e registrou 6.382 novos casos de covid-19 em 24 horas nesta quinta-feira, 28. O pico anterior, de 4.092 casos novos em um dia, havia sido alcançado há duas semanas, no dia 15 de maio.

Com o aumento, o Estado tem 95.865 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O número de mortes subiu para 6.980, com 268 óbitos a mais que no dia anterior.

Veja também: 62 cidades de SP estão em situação crítica e não flexibilizam isolamento

O alto índice foi registrado um dia depois de o governador João Doria anunciar a reabertura de alguns setores da economia em determinadas regiões do Estado, incluindo a capital.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI reservados para atendimento à covid-19 é de 77,4% no Estado, contra 73,3% no dia anterior.

Veja também: Doria admite medidas duras caso não haja “comportamento adequado” em SP

Na Grande São Paulo, o índice está em 89,2% - um dia antes, era de 86,7%. Atualmente, há 12,5 mil pacientes internados em hospitais de São Paulo, sendo 4.701 em UTI e 7.805 em enfermaria.

Entre as vítimas fatais estão 4.091 homens e 2.889 mulheres. Os óbitos se concentram em pacientes com 60 anos ou mais, que totalizam 72,8% das mortes.

Os principais fatores de risco associados à mortalidade são cardiopatia (58,7% dos óbitos), diabetes mellitus (43%), doença neurológica (11,2%), doença renal (10,4%) e pneumopatia (9,4%).

Santa Catarina

Santa Catarina também registrou o maior número de mortes, em 24 horas, desde o início da pandemia do coronavírus, com 12 óbitos na última terça-feira, 26. Os casos confirmadas e óbitos no Estado aumentaram após a reabertura do comércio, incluindo shoppings centers, em 13 de abril.

Desde então, o número de mortes mais que dobrou, saltando de 47 para 126. Durante divulgação do boletim diário, o secretário estadual de Saúde, André Motta, disse que as previsões "apontam para uma aceleração da transmissão do vírus".

"Apesar dos números favoráveis até então, todos nós precisamos prestar muita atenção. Esse enfrentamento está ainda começando, precisamos reforçar o isolamento social", afirmou Motta no mesmo comunicado transmitido via internet.

A Secretaria de Saúde em Itajaí disse que o município já cobrou o Estado para implantação de novos leitos. "O compromisso é que o (Hospital e Maternidade) Marieta Konder Bornhausen chegue a 100 leitos de UTI para covid-19 e outros 20 para as demais patologias", informou o município em nota. No sul catarinense, no Hospital Regional de Araranguá, a ocupação das UTIs para covid-19 chegou a 90% nesta quarta-feira, 27.

Também nesta quarta-feira, 27, o governador Carlos Moisés (PSL) afirmou que vai permitir que os municípios decidam sobre medidas de flexibilização da quarentena - em relação, por exemplo, ao transporte público.

Além dos ônibus, que estão suspensos por força do decreto estadual em vigor desde 17 de março, aulas e eventos com aglomeração de público permanecem sem autorização.

O pedido de autonomia veio dos próprios prefeitos, em reunião virtual com o governador na semana passada, na qual defendem a descentralização de ações contra a pandemia. Moisés não descartou atitudes pontuais para restringir flexibilização.

Em meio aos pedidos de flexibilização, os números disparam. Uma das situações mais preocupantes é na região oeste, que começou a registrar um crescimento de casos mais acelerado nas últimas semanas. A região também enfrenta surtos de infecção nos frigoríficos.

Em apenas uma unidade da BRF, na cidade de Concórdia, 73 funcionários testaram positivo. Na semana passada, uma unidade da JBS, em Ipumirim, foi interditada pelo Ministério Público do Trabalho por situação semelhante. O primeiro caso na região foi confirmado em 7 de abril. No oeste, há o maior número de infectados no Estado.

Associadas ao aumento de casos, as empresas do Sindicato da Indústria de Carnes & Derivados (Sindicarne) e Associação Catarinense de Avicultura (Acav) doaram cerca de R$ 35 milhões em recursos, equipamentos e alimentos para hospitais, municípios e governo. Só a JBS doou mais de R$ 28 milhões.

Em Santa Catarina, o uso de máscaras em locais públicos tornou-se obrigatório, além da medição de temperatura em supermercados e hotéis.

O Estado enfrenta momento de instabilidade política após o chamado "escândalo dos respiradores", que resultou na troca dos secretários Douglas Borba (Casa Civil) e Helton Zeferino (Saúde) e rendeu uma CPI na Assembleia Legislativa (Alesc) para investigar irregularidades na compra de 200 respiradores da China.

Um inquérito do Ministério Público aponta ilegalidades no pagamento dos R$ 33 milhões antecipados para compra dos equipamentos que ainda não foram entregues nas unidades de saúde.

O governador Moisés deu como descartada a possibilidade de usar os respiradores da China no combate à pandemia. E ainda nesta quarta-feira, anunciou a entrega de 100 dos 500 novos respiradores e monitores adquiridos da WEG S.A, de Jaraguá do Sul.

Os critérios para entrega deverão respeitar taxa de ocupação e número de casos positivados nas últimas 48 horas. Segundo o governo estadual, 20 equipamentos foram encaminhados para Itajaí, onde a situação é mais crítica. Blumenau, que também teve um salto no número de casos, não recebeu nenhum dos equipamentos.

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