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Após amargar pior resultado em 45 anos, Brasil quer pódio na São Silvestre

A 94ª edição da tradicional corrida de Ano Novo no Brasil acontece nesta segunda-feira (31), a partir das 8h40, em São Paulo

São Silvestre: africanos podem perder hegemonia (Robson Fernandjes/Fotos Públicas/Fotos Públicas)

São Silvestre: africanos podem perder hegemonia (Robson Fernandjes/Fotos Públicas/Fotos Públicas)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de dezembro de 2018 às 07h21.

São Paulo — A missão dos atletas brasileiros na 94ª edição da corrida de São Silvestre, nesta segunda-feira (31), em São Paulo, a partir das 8h40, será bem mais modesta do que a tradicional busca para evitar a vitória dos africanos. Os representantes locais, tanto no masculino como no feminino, precisam primeiramente superar o péssimo resultado da última prova, quando o País amargou o pior resultado em mais de 40 anos.

Em 2017 o Brasil ficou longe no pódio. Entre os homens, o mais bem colocado foi o 12º lugar de Ederson Pereira. Já entre as mulheres a melhor posição foi de Joziane Cardoso, que chegou em 10ª. Na história mais recente da São Silvestre apenas em 1973 o País teve um resultado pior. José Romão Silva foi o 11º - na época não havia a prova feminina.

A chance de superar o resultado ruim começa nesta segunda às 8h40, com a largada da prova feminina, e às 9h, para a corrida masculina. Apesar da expectativa de melhorar o retrospecto, ao menos pelo currículo dos principais competidores é pouco provável crer na vitória de um atleta nacional. Os africanos mais uma vez se apresentam com mais força para a prova, que terá trajeto idêntico ao do ano passado.

"A gente se prepara, mas temos que contar com as falhas deles. Vamos torcer para eles errarem para chegarmos bem na prova", disse o pernambucano Wellington Bezerra. "Vencer é algo que depende das condições. Vou batalhar para estar no pódio. É este o meu objetivo", afirmou o paulista Ederson Pereira, o brasileiro mais bem colocado no ano passado.

A hegemonia estrangeira pelas ruas da capital paulista não é recente. A última vitória brasileira entre os homens foi em 2010, com Marilson dos Santos. Na prova feminina o jejum vem desde 2006, ano em que Lucélia Peres conquistou a corrida. Em toda a história, apenas em um ano o Brasil ganhou as provas masculina e feminina. Isso foi justamente em 2006, com as vitórias de Lucélia e de Franck Caldeira.

O grande favorito para a prova desta segunda na elite masculina é o etíope naturalizado barenita Dawitt Admasu, vencedor em 2014 e 2017, além de ter sido vice em 2016. Outro forte candidato é o queniano Paul Kipkemboi, campeão da Meia Maratona do Rio de Janeiro.

Admasu superou nos últimos meses uma lesão muscular e está confiante para buscar o tricampeonato. Nascido na Etiópia, ele afirma que as condições geográficas são as responsáveis pelo continente africano revelar tantos campeões.

"A altitude nos ajuda bastante. Eu me preparo para as corridas em locais com mais de 3 mil metros de altitude. Isso ajuda bastante a termos bons resultados em várias provas do atletismo", afirmou o corredor, que na quinta-feira comemorou o 23º aniversário. "Na Etiópia as crianças desde a escola treinam atletismo. Isso faz a gente ser muito forte no esporte e ter prazer em disputar provas."

Se conseguir o tricampeonato, o corredor ficará perto de igualar o recorde do queniano Paul Tergat. O maior vencedor da São Silvestre ganhou cinco vezes a prova entre 1995 e 2000.

A prova deste ano terá a presença de mais de 30 mil inscritos, de nove países diferentes. A organização prometeu prestar atenção com os "pipocas", apelido dado a quem corre sem estar inscrito. O cuidado se explica principalmente por questões logísticas, como o número de copos de água separados para se distribuir aos competidores nos pontos de hidratação.

Feminino

Entre as mulheres, Joziane Cardoso foi a melhor brasileira em 2017 e é a principal esperança brasileira, junto com Tatiele Pereira, sétima colocada em 2016.

"Eu já tive um quarto lugar (em 2015) e estou em busca de um novo pódio. Eu treinei bastante, quero fazer uma boa prova. Minha tática é largar junto das meninas, mantendo contato para não deixar elas abrirem distância", explicou Joziane. A companheira dela na busca para conter o favoritismo africano é campeã da Maratona Internacional de São Paulo 2018, Andreia Hessel.

A dupla tem como grandes obstáculos superar a etíope Sintayehu Hailemichael, segundo lugar em 2017. "No ano passado eu fiquei em segundo lugar, então treinei mais forte para melhorar e conseguir ganhar nesta vez", promete a etíope. A queniana Esther Kakuri, campeã da Meia do Rio e da Meia Maratona de Buenos Aires outro destaque.

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