Lula: (Paulo Whitaker / Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2016 às 16h04.
Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 11h38.
São Paulo – Com o início bem sucedido da Olimpíada de 2016, o contexto político e econômico do Brasil foi alvo de crítica no jornal norte-americano Wall Street Journal.
Em texto intitulado “Como Lula enganou o mundo”, a colunista Mary Anastasia O’Grady, especialista de América Latina, publicou uma análise sobre o que se esperava do país em 2009, quando foi escolhido como sede dos Jogos, e a atual conjuntura.
A jornalista atribui ao estilo de governo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a impressão de que o país caminhava para um rumo certo, gerando otimismo para fazer dos Jogos uma boa vitrine para o Brasil.
“Lula era o homem de esquerda, sem ser Hugo Chávez”, diz o texto. “A maioria dos especialistas concordou: o Brasil se preparava para tomar o seu lugar de direito como uma superpotência econômica mundial.”
O WSJ cita, nesse contexto, a capa daquele ano da revista inglesa The Economist, que mostrava o Cristo Redentor decolando, em referência ao crescimento acelerado do país sob a batuta de Lula.
Para a colunista, portanto, os Jogos Olímpicos de 2016 deveriam mostrar hoje o “paraíso socialista” que o ex-presidente havia cultivado, uma “utopia urbana que mistura habitação a preços acessíveis, empresas líderes industriais nacionais e grandes redes de transporte público, ambiente perfeito para proporcionar uma experiência tranquila e amigável ao meio ambiente”.
Em contraposição, ela cita problemas na data de entrega da Vila Olímpica, a poluição da Baía de Guanabara que se tornou palco de competições e a linha de metrô que ficou pronta a dias dos Jogos. Esse efeito "expectativa e realidade", diz o texto, é um reflexo do Brasil de Lula.
A colunista chama de “fraude política” a prática de concessão de créditos constantes pela Caixa Econômica Federal e BNDES, para alavancar a economia. A dita “falta de consistência” dessas ações, segundo a jornalista, colocaram em poucos anos o Brasil nas piores posições de uma estudo do Banco Mundial sobre empreendedorismo e gestão de empresas.
“Políticos do Brasil aspiram a grandeza de primeiro mundo, mas insistem em preservar as instituições do terceiro”, diz O’Grady em referência à política de independência do Banco Central instaurada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a quem cita nominalmente.
“Não é porque não entendem a eficácia das instituições independentes. É porque eles entendem muito bem”. afirma. “Se fraude política para liderar uma nação à ruína fosse um crime, ambos já teria sido condenados”.