Vacina Janssen (Eduardo Frazão/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de julho de 2021 às 08h40.
Última atualização em 1 de julho de 2021 às 11h47.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou os 2 milhões de doses da vacina da Janssen doadas pelos Estados Unidos que estavam no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). A liberação ocorreu depois de o Ministério da Saúde ter providenciado a documentação necessária.
As vacinas chegaram ao Brasil em duas remessas há mais de quatro dias, mas ainda não haviam sido distribuídas porque dependiam do envio de documentos pelo Ministério da Saúde. Segundo a agência, a pasta primeiro apresentou documentação referente à carga de 947.650 doses na tarde desta quarta. Horas depois, no fim da tarde, enviou a documentação relativa à carga das outras 2.052.350 doses. "Não há mais documentos pendentes de apresentação", informou a Anvisa.
Mais cedo, o Ministério da Saúde havia afirmado que aguardava autorização da agência para iniciar a distribuição. "A expectativa é de que a liberação seja realizada ainda hoje para que a distribuição (aos Estados) seja feita em até 48 horas", alegou.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a ir ao local na sexta-feira passada para receber parte das doses em conjunto com o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman. Ele já havia declarado em outra ocasião que o fato de a vacina ser de dose única ajudaria o Brasil a avançar no programa de imunização.
Um comunicado de 12 de junho da pasta já apontava que, por se tratar de carga internacional, as vacinas precisam de liberação da Receita Federal e da Anvisa. A entrega das doses ao Brasil foi destacada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro em rede social no sábado. Na postagem, ele citou que as doses foram doadas pelos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira, o governador João Doria (PSDB-SP) exigiu a “imediata liberação” pelo governo federal. "Até dá a impressão que o Ministério da Saúde não tem pressa. Nós temos", declarou. São Paulo espera receber 678 mil doses do total. “É muita vacina guardada na prateleira quando já deveria estar no braço dos brasileiros”, acrescentou Doria. "Ministro (da Saúde), nós pedimos que o senhor delibere e faça a gestão junto ao seu próprio ministério para que essas vacinas sejam liberadas."
A situação também foi criticada pela coordenadora geral do Programa Estadual de Imunização de São Paulo, Regiane de Paula, que lembrou que a vacina da Janssen é de dose única. "Nós temos pressa, nós temos urgência. E a nossa urgência é trabalhar 24 horas por dia, incluindo aos finais de semana se necessário for."
As vacinas da Janssen que estão sendo aplicadas nesta semana no País são de outras remessas, compradas pelo governo federal, entregues em 22 de junho (1,5 milhão de doses) e 24 de junho (300 mil). O Brasil tem um contrato com a farmacêutica para receber 38 milhões de vacinas, número que não inclui a quantia doada pelo governo norte-americano.
Autorizadas para uso emergencial no País desde 31 de março, as vacinas da Janssen devem ser armazenadas em temperaturas de 2ºC a 8ºC. A validade inicialmente determinada pela Anvisa foi de três meses, prazo ampliado para 4 meses e meio após deliberação da Anvisa em junho, seguindo decisão semelhante feita pela agência dos Estados Unidos (Food and Drug Administration, a FDA). Quando armazenada em temperaturas de -25°C a -15°C, possui validade de 24 meses a partir da data de fabricação.
Em um comunicado deste mês, o ministério havia destacado que esta vacina "possui condições de armazenamento e transporte que permitem a distribuição dentro da infraestrutura e logística já existentes para medicamentos e vacinas no Brasil". Segundo a pasta, "isso facilita o transporte logístico para todos os municípios do País".