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Antes tarde do que nunca: Bolsonaro vai à Argentina

A visita do presidente brasileiro acontece poucos meses antes das eleições argentinas, em outubro, quando seu aliado Mauricio Macri buscará a reeleição

BOLSONARO E MACRI, EM BRASÍLIA: o governo brasileiro apoia a reeleição de Macri, e ambos concordam em pontos como ter um Mercosul mais enxuto / Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo)

BOLSONARO E MACRI, EM BRASÍLIA: o governo brasileiro apoia a reeleição de Macri, e ambos concordam em pontos como ter um Mercosul mais enxuto / Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2019 às 06h06.

Última atualização em 6 de junho de 2019 às 06h41.

Tornou-se tradição que um presidente brasileiro visite, em sua primeira viagem internacional, a Argentina, vizinha na América do Sul e terceiro maior parceiro comercial do Brasil (atrás de China e Estados Unidos). Ao assumir em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro decidiu ir primeiro ao Chile. Depois aos Estados Unidos (duas vezes), depois a Israel. Mas a tão aguardada viagem à Argentina acontece finalmente nesta quinta-feira, 6, cinco meses depois da posse.

Bolsonaro deve chegar ao país por volta das 10 horas e se reunir com o presidente argentino, Mauricio Macri. Também haverá uma reunião entre ministros argentinos e seus pares brasileiros, como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, da Economia, Paulo Guedes e da Agricultura, Tereza Cristina, entre outros. O presidente brasileiro deve enfrentar protestos contra suas declarações simpáticas à ditadura, condenada por esquerda e direita argentinas.

A visita de Bolsonaro acontece em um momento crucial para o governo Macri, com a Argentina a poucos meses de suas eleições, em 27 de outubro. Se a economia brasileira não vai bem, a da Argentina consegue estar pior: a inflação no país acumula alta de mais de 50% nos últimos 12 meses, com aumento da pobreza e o Banco Mundial projetando queda de 1,2% no PIB para 2019.

Eleito com discurso liberal e com a promessa de reformas que melhorassem a economia, Macri enfrenta queda na popularidade e frequentes greves-gerais. Na busca pela reeleição, não ajudou o fato de que sua maior adversária, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-15), de esquerda, anunciou em maio que não concorreria mais como presidente, mas como vice. A cabeça de chapa passou a ser de Alberto Fernández, que é visto como mais moderado e pode ter rejeição menor — ainda que, por enquanto, as pesquisas não tenham mudado muito, com a chapa Fernández-Kirchner ou empatada com Macri, na casa dos 30% cada, ou com alguns pontos percentuais na liderança.

Em Buenos Aires, Bolsonaro deve reforçar uma característica peculiar de seu mandato. Ele não vê problemas em tomar partido em eleições alheias. Nos Estados Unidos, é 100% pró-Trump, em Israel, onde esteve uma semana antes das eleições, foi peça de campanha de Benjamin Netanyahu. Agora, apoia escancaradamente a reeleição de Macri. Chegou a dizer que, se Kirchner for eleita, a Argentina pode “virar a Venezuela”.

Independentemente de quem seja o próximo presidente, o fato é que a crise argentina atingiu em cheio as exportações brasileiras, com as vendas para o país vizinho caindo 41% entre janeiro e maio. O Brasil vende 15 bilhões de dólares em produtos para os argentinos, sobretudo manufaturados, como automóveis, tendo quase 4 bilhões em superávit em 2018. O Brasil, mais do que ninguém, precisa que a Argentina volte a crescer.

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