8 de janeiro de 2023: petistas lembram dia de atos golpistas promovidos por apoiadores de Bolsonaro (Divulgação: TON MOLINA / Colaborador/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 25 de fevereiro de 2024 às 15h37.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2024 às 15h38.
Lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) criticaram neste domingo, 25, a manifestação convocada para hoje pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo. Ministros e parlamentares da sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembraram, nas redes sociais, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando radicais invadiram as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Também ressaltaram a defesa que Bolsonaro faz da ditadura militar e disseram que o ex-chefe do Executivo "cometeu muitos crimes".
Bolsonaro convocou o ato na capital paulista depois de ter sido um dos alvos da operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim) da Polícia Federal (PF) no último dia 8, quando teve que entregar seu passaporte às autoridades. A PF apura a participação do ex-presidente em uma articulação para dar um golpe de Estado que impediria a realização das eleições de 2022 ou a posse de Lula.
"Hoje a Avenida Paulista virou palanque para o golpismo e para a mentira. Fica mais nítida a ação criminosa de Bolsonaro e seus comparsas", publicou, no X (antigo Twitter), o perfil da bancada do PT na Câmara. As contas do partido nas redes sociais têm postado, desde o início do dia, uma série de críticas à manifestação chamada pelo ex-presidente e compartilhado declarações de lideranças petistas.
Os aliados de Lula passaram a elencar ações consideradas negativas de Bolsonaro. "Foram muitos crimes praticados por Bolsonaro, incluindo levar 700 mil brasileiros à morte por Covid-19, atentar contra a democracia, interferir de forma ilegal na PF e enriquecer com rachadinhas. #SemAnistia para o chefe do golpe", postou o perfil nacional do PT no X.
Bolsonaro convocou o ato na Paulista para mostrar força política em meio ao avanço das investigações da PF. Ao gravar um vídeo no último dia 12 para chamar os apoiadores para a manifestação, o ex-presidente disse que queria um movimento "pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito". Ele também pediu que os militantes não carregassem faixas ou cartazes "contra quem quer que seja", mas apenas fossem ao local vestidos de verde e amarelo. Em atos anteriores na Paulista, durante seu governo, Bolsonaro chegou a atacar verbalmente o STF e seus ministros, como Alexandre de Moraes.
"Bolsonaro quer levar seus seguidores para a cadeia também, essa é a única explicação para convocar um ato ilegítimo em "defesa do Estado democrático de Direito" quando ele está sendo investigado justamente por articular um golpe de Estado", publicou, no X, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. "Nunca é demais lembrar que esse grupo, marcado por perseguir ministros do STF, pedir intervenção militar e o fechamento do Congresso, atacou a Constituição no quebra-quebra do 8 de janeiro de 2023. Representantes do verdadeiro risco para a democracia brasileira não podem ser normalizados!", emendou a petista.
Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) escreveu nas redes sociais que a Paulista "virou palanque para o golpismo e para a mentira". O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que Bolsonaro está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido a uma reunião com embaixadores estrangeiros em que atacou as urnas eletrônicas. "O presidente é Lula e a democracia venceu!", afirmou. Ele usou a hashtag #BolsonaroPreso.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo com o Congresso compartilhou nas redes sociais um recorte da entrevista que concedeu na última segunda-feira, 19, ao Programa Roda Viva, da TV Cultura. No trecho, ele critica o ex-presidente. "Eu reafirmo que Bolsonaro é um líder de barro, um líder que não se sustenta" diz.
A PF tem feito uma série de operações que atingem Bolsonaro e seu núcleo mais próximo. Com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a operação Tempus Veritatis também mirou, no último dia 8, militares como o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha.
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres também foi alvo da operação. Foram presos Filipe Martins, ex-assessor internacional de Bolsonaro; Marcelo Câmara, coronel do Exército e também ex-assessor; Rafael Martins de Oliveira, major das Forças Especiais do Exército; e o coronel Bernardo Romão Correa Neto. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a ser preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, mas ganhou liberdade provisória.
Antes, em 29 de janeiro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho "zero dois" do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de uma operação da PF. Ele é suspeito de integrar um esquema ilegal de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No dia 25, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato a prefeito do Rio, foi alvo de busca e apreensão, também sob suspeita de participação em um esquema de monitoramento ilegal de adversários políticos quando comandou a Abin durante o governo anterior.
Em 18 de janeiro, o líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), foi alvo de uma operação da PF por suspeita de ter orientado manifestantes que invadiram as sedes dos Três Poderes nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.