Marcelo Queiroga: o documento, obtido pelo Estadão, é assinado pela procuradora Luciana Loureiro de Oliveira (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de março de 2021 às 12h00.
Última atualização em 23 de março de 2021 às 14h57.
Antes mesmo de ser oficialmente empossado como novo ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, o quarto a ocupar o cargo desde o início da pandemia de covid-19, o cardiologista Marcelo Queiroga foi cobrado pelo Ministério Público Federal a prestar esclarecimentos sobre a gestão da crise sanitária.
O pedido de informações da Procuradoria da República no Distrito Federal foi divulgado pela repórter Camila Bomfim no Jornal Nacional, da TV Globo, desta segunda-feira, 22. Queiroga terá 15 dias para responder sobre os seguintes pontos:
- Retirada do aplicativo TrateCov do ar: lançada pelo Ministério da Saúde, a plataforma recomendava o uso de ivermectina e cloroquina, medicamentos sem eficácia comprovada, aos pacientes com suspeita de infecção pelo novo coronavírus.
- Nota informativa, publicada em maio, com orientações para manuseio de medicamentos precoces de pacientes com covid-19. A Procuradoria quer saber as evidências científicas usadas para embasar o documento.
- Recursos investidos pelo Ministério da Saúde em ações e programas de prevenção e combate à covid-19;
- Campanhas e peças publicitárias desenvolvidas e aprovadas pelo Ministério da Saúde sobre o coronavírus e sobre a vacinação.
O documento, obtido pelo Estadão, é assinado pela procuradora Luciana Loureiro de Oliveira. Ela é responsável pelo inquérito civil aberto para apurar se houve improbidade administrativa do ministério na condução da pandemia do coronavírus. Entre os pontos investigados pela Procuradoria estão o uso de recursos públicos para compra de medicamentos sem eficácia comprovada para tratamento da covid-19, possível omissão na aquisição de vacinas e suposta baixa execução orçamentária dos recursos federais nas ações específicas de combate à doença.
O pedido de esclarecimentos sinaliza que, além da chefia da pasta, o novo ministro herda também os ônus da gestão do general Eduardo Pazuello - que também é alvo de outra investigação aberta na esteira do colapso do sistema de saúde em Manaus. Anunciado pelo governo na semana passada, Marcelo Queiroga já teve a data da posse adiada diversas vezes. Com a demora na oficialização da troca, a pasta está sem comando definido no momento mais letal da pandemia.