Meirelles anunciou aumento do compulsório como forma de prevenir futuras bolhas de crédito (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2011 às 13h26.
São Paulo - Para o economista e conselheiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) Miguel Oliveira, o aumento do compulsório anunciado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (3/12) não tem a ver com o receio de possíveis bolhas de crédito.
Depois de anunciar o aumento, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que as medidas tinham caráter prudencial. Sua finalidade é reduzir a liquidez no mercado financeiro e inibir o surgimento de "trajetórias não-sustentáveis", as bolhas no crescimento do volume de crédito.
Entretanto, para o economista da Anefac, o volume de crédito no Brasil ainda é baixo e a inadimplência está em queda, o que afasta a preocupação com a formação de bolhas. "As medidas do BC foram mais para o controle da demanda e da inflação. Aumentar a Selic teria o mesmo efeito, só que em uma intensidade menor, e em um prazo maior", diz o economista.
Quem sofre
Fato indiscutível é que a decisão do BC vai aumentar as taxas dos financiamentos, já que os bancos terão menos dinheiro à disposição para emprestar. A tendência é que as instituições trabalhem com prazos menores, de até 24 meses, para escapar das punições financeiras. Para prazos mais longos, os custos dos bancos devem ser repassados aos consumidores.
"As pessoas de baixa renda são as que mais vão sofrer, porque precisam de parcelas menores nas compras. Com a elevação do compulsório, os financiamentos ficarão mais curtos, aumentando o valor de cada prestação", afirma Oliveira, da Anefac.
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