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Análise: desigualdade é palavra mais repetida por Lula em discurso na ONU

Presidente do Brasil evitou se posicionar sobre guerra na Ucrânia, criticou conselho de segurança e defendeu a regulamentação de aplicativos

 (Leandro Fonseca/Exame)

(Leandro Fonseca/Exame)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 19 de setembro de 2023 às 13h13.

Última atualização em 19 de setembro de 2023 às 15h43.

A palavra desigualdade foi repetida 14 vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Em outras duas oportunidades, o chefe do Executivo usou a palavra desigual. Por meio desse enredo, Lula afirmou que o abismo social do mundo foi aprofundado e que os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.

Para reduzir as disparidades sociais, Lula recomendou aos chefes de Estado uma receita que busca colocar em prática no Brasil: incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao patrimônio.

Apesar da sugestão, não significa que o Congresso aprovará as propostas encaminhadas pelo governo petista para tributar fundos exclusivos. Além disso, a reforma do Imposto de Renda sequer é conhecida publicamente. Presentes na sede da ONU, os presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acompanharam atentamente o discurso de Lula.

Críticas ao conselho de segurança da ONU

Mais uma vez, Lula não se posicionou explicitamente contra a Rússia por ter invadido a Ucrânia. Em uma única frase, o presidente brasileiro disse que o conflito armado entre os dois países mostra a "incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU".

Além disso, ele afirmou que o Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente a credibilidade. Não está claro se essa sinalização abriria espaço para o Brasil integrar o colegiado ou se Lula desistiu dos planos de ter um assento entre os países membros. 

Aplicativos na mira do governo

O presidente da República também aproveitou o discurso na ONU para mandar um recado para os donos e executivos de startups e aplicativos. Segundo Lula, as plataformas não devem abolir as leis trabalhistas.

Essa sinalização importante mostra a disposição do governo para debater e, eventualmente, regulamentar as relações de trabalho entre entregadores e motoristas com as empresas que oferecem serviços de transporte ou de alimentação.

O Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, estava presente na Assembleia Geral da ONU, um sinal forte de que o tema ganhará relevância nos próximos meses. Marinho prometeu apresentar uma proposta de regulamentação do trabalho de aplicativos no segundo semestre deste ano para submeter ao Congresso. Essa proposta, entretanto, ainda não é de conhecimento público.

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