Brasil

PP emplaca Ana Amélia como vice de Alckmin e anúncio será até sábado

Decisão foi tomada nesta quinta, segundo lideranças dos partidos que compõem o Centrão, formado por PR, PRB, PP, DEM e Solidariedade

Ana Amélia: escolha pela senadora surpreende porque ela é parlamentar de primeiro mandato e independente da atual direção partidária do partido (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Ana Amélia: escolha pela senadora surpreende porque ela é parlamentar de primeiro mandato e independente da atual direção partidária do partido (Antonio Cruz/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 19h00.

Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 10h35.

Brasília - O PP emplacou nesta quinta-feira a senadora gaúcha Ana Amélia como a vice na chapa do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, em um anúncio que será feito até a convenção que vai oficializar a escolha do tucano ao Palácio do Planalto, marcada para o sábado.

A informação foi confirmada à Reuters por fontes do PP e pelo secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana.

"É oficial", disse Pestana, em mensagem enviada à Reuters.

A escolha de Ana Amélia surpreende porque, embora seja integrante do PP, um dos partidos do chamado blocão, é uma parlamentar de primeiro mandato e independente da atual direção partidária do partido, comandada pelo senador Ciro Nogueira, que é do Piauí.

O nome da senadora não vinha sendo cogitado com grande força pelas direções partidárias do blocão --formado por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade. O primeiro nome cotado pelo grupo foi o do empresário Josué Gomes (PR), mas que declinou do convite na semana passada. Posteriormente outros nomes que não Ana Amélia foram especulados.

Ciro Nogueira pretendia emplacar um nome mais alinhado a ele no partido e chegou a reservadamente defender outros nomes, como a da atual vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho (PP). Tanto que, conforme reportagem da Reuters publicada mais cedo, a eventual escolha de Ana Amélia passou a ser tratada nos bastidores como uma espécie de "cota pessoal" do presidenciável tucano.

A cúpula do PP teme que, ao emplacar a vice, poderá perder importantes espaços para outros aliados em um eventual governo Alckmin. Atualmente, na gestão Michel Temer, o PP mantém o controle dos ministérios da Saúde, da Agricultura e das Cidades, além da Caixa Econômica Federal.

Composição

Em entrevista coletiva logo após uma reunião de mais de três horas em seu gabinete no Senado com lideranças do seu partido do Rio Grande do Sul, Ana Amélia revelou ter sido convidada por Alckmin na véspera para a vice. No encontro, segundo relato dela, o tucano disse-lhe que gosta do perfil da senadora, que, além de mulher,poderá ajudar na articulação do governo.

Contudo, a senadora fez questão de ressaltar que o anúncio de uma eventual decisão dependeria de um acordo entre o PP e o PSDB no Rio Grande do Sul.

Naquele Estado, PP e PSDB trilhavam --até a sondagem à senadora-- caminhos distintos nas eleições de outubro. O PP tinha lançado o deputado federal Luiz Carlos Heinze como pré-candidato ao governo do Estado e Ana Amélia era candidata à reeleição ao Senado. O PSDB, por sua vez, lançou como pré-candidato ao governo Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas, cidade do interior gaúcho.

Ainda há também uma costura a ser feita pelas duas legendas para a composição da chamada coligação proporcional --referente à disputa para a Câmara.

"Isso (o acordo) já está bem encaminhado e possivelmente amanhã poderemos ter uma decisão", disse Ana Amélia, na coletiva, ao destacar que está "abrindo mão" de uma reeleição ao Senado em nome de um interesse maior -- ela vinha aparecendo nas pesquisas de intenção como bem votada na disputa de outubro.

"Para uma senadora de primeiro mandato, é uma grande honra", disse, referindo-se ao convite para ser vice.

A senadora disse ter recebido nos últimos dias uma série de ligações de políticos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador e ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati (CE), para que ela aceitasse o convite.

Nos bastidores, segundo apurou a Reuters, o principal entrave para Ana Amélia topar ser vice de Alckmin foi demovido.

Luiz Carlos Heinze abriu mão da pré-candidatura ao governo gaúcho e vai ser o candidato ao Senado na vaga "aberta" por Ana Amélia, em uma composição com o PSDB. Faltam ainda detalhes sobre o acerto para a candidatura dos dois partidos para a Câmara dos Deputados.

"É uma costura que está sendo feita, tem detalhes para fechar", disse em entrevista Heinze, que estava no gabinete de Ana Amélia. O deputado --que vinha apoiando o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, no Estado-- disse que fará campanha para Alckmin.

A senadora destacou que caberá ao próprio Alckmin o anúncio do acerto. Ana Amélia afirmou que Ciro Nogueira está "inteiramente favorável" ao que for decidido e que está acompanhando pessoalmente os entendimentos.

"Qualquer membro progressista agrada ao partido", disse o presidente do PP, em rápida entrevista após a convenção do partido no final da manhã que formalizou o apoio ao ex-governador paulista.

Nas eleições de 2014, a senadora concorreu ao governo do Rio Grande do Sul, mas terminou a corrida em terceiro lugar, ficando fora do segundo turno.

Acompanhe tudo sobre:Ana Amélia LemosEleições 2018Geraldo AlckminPSDB

Mais de Brasil

Acidente em MG: Motorista de carreta envolvida em tragédia se entrega após passar dois dias foragido

Quem é o pastor indígena que foi preso na fronteira com a Argentina

Oito pontos para entender a decisão de Dino que suspendeu R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão

Ministro dos Transportes vistoria local em que ponte desabou na divisa entre Tocantins e Maranhão