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CPI da Americanas durou cinco meses e terminou sem indiciamento; relembre

Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação que mira a maior fraude da história do mercado financeiro do Brasil, estimada em cerca de R$ 25 bilhões

Agência o Globo
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Publicado em 27 de junho de 2024 às 10h55.

Última atualização em 27 de junho de 2024 às 11h02.

Antes de serem alvos de operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 27, ex-executivos da empresa Americanas também foram investigados por uma Comissão de Parlamentar Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados, que finalizou os trabalhos, após cinco meses de apuração, sem indiciar os possíveis culpados pela fraude de R$ 20 bilhões na varejista.

A CPI foi instalada em 17 de maio do ano passado, após a empresa entrar em recuperação judicial declarando inconsistências fiscais de R$ 20 bilhões e uma dívida de R$ 43 bilhões. O caso, que gerou suspeitas de fraude, agora é alvo de investigação da Polícia Federal,  em parceria com o Ministério Público Federal.

Após pouco mais de cinco meses de investigação, a comissão da Câmara aprovou o relatório do deputado federal Carlos Chiodini (MDB-SC), que apesar de reconhecer a possível participação da cúpula da empresa, afirmou não haver provas suficientes para o indiciamento dos executivos.

"Não tem comprovação e não deu tempo para sermos inquisidores, fazer papel de polícia, juiz e promotor", disse Chiodini durante a leitura do relatório. "Não tenho a coragem de acusar pessoas antes das investigações, a cada dia saem novos fatos", completou o parlamentar.

O ex-CEO Miguel Gutierrez enviou uma carta à CPI em que afirma ter sido escolhido como “conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado”. Segundo ele, a cúpula de acionistas tinham conhecimento sobre a situação contábil da empresa. No entanto, o relator da CPI optou por não ouvir os executivos.

O relatório final também foi criticado na época de sua aprovação pelo deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), que chamou o texto de “relatório da blindagem”.

"Estamos acabando hoje lamentavelmente essa CPI com a blindagem que tirou a condição dos membros da comissão de ouvir essa turma que assaltou o Brasil", disse.

Operação

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra os ex-diretores da Americanas, acusados de fraudes contábeis que chegam a R$ 25,3 bilhões. A Operação Disclosure, em parceira com o Ministério Público Federal, levou cerca de 80 policiais federais para as ruas do Rio.

Eles cumprem dois mandados de prisão preventiva contra o ex-CEO Miguel Gutierrez e ex-diretora Anna Christina Ramos Saicalie, que estão no exterior e são considerados foragidos. O nome deles será incluído a lista da Interpol. Além disso, a PF cumpre 15 mandados de busca e apreensão.

A Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores desses ex-diretores que somam mais de meio bilhão de reais. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A investigação também contou com o apoio técnico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A investigação foi baseada nas delações premiadas dos ex-executivos da empresa Marcelo da Silva Nunes, que foi diretor executivo financeiro da Americanas, e Flavia Carneiro, diretora de controladoria.

Segundo os investigadores, os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a opperações de risco sacado, que consiste numa operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.

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