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Alvo da PF, Fernando Bezerra põe cargo de líder do governo à disposição

Policiais fizeram busca do gabinete e no apartamento do senador em investigação sobre esquema de propinas de empreiteiras

Fernando Bezerra: líder do governo no Senado admitiu entregar o cargo de liderança (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Fernando Bezerra: líder do governo no Senado admitiu entregar o cargo de liderança (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 11h26.

Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 13h37.

Brasília — O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), admitiu entregar o cargo de liderança após ser alvo da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (19). A PF realizou buscas no gabinete de Bezerra.

O apartamento do senador e o gabinete do deputado Fernando Filho (DEM-PE), filho do senador, também foram alvos de buscas, além de endereços em Pernambuco ligados aos dois.

As ações fazem parte da Operação Desintegração, desdobramento da Operação Turbulência, e foram autorizadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A PF apura um suposto esquema de propinas pagas por empreiteiras que executavam obras custeadas com recursos públicos em favor de autoridades.

A operação tem relação com obras da transposição do Rio São Francisco na época em que Bezerra era ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff, quando ainda estava no PSB.

Em Pernambuco, seu reduto eleitoral, Bezerra foi secretário no governo de Eduardo Campos, morto em 2014. Ele também foi líder de Michel Temer no Senado no ano passado.

Ao todo, o senador é alvo de cinco inquéritos, dois deles por supostos crimes contra a lei de licitações quando era prefeito de Petrolina, dois de quando era secretário estadual e um de quando foi ministro.

De acordo com a Polícia Federal, o senador Fernando Bezerra e seu filho, o deputado Fernando Bezerra Filho, teriam recebido ao todo R$ 5,538 milhões em vantagens indevidas repassadas por quatro empreiteiras.

"Tomei a iniciativa de colocar à disposição o cargo de líder do governo para que o governo possa ao longo dos próximos dias fazer uma avaliação se não seria o momento de proceder uma nova escolha ou não", disse Bezerra em entrevista na entrada do prédio onde mora, em Brasília.

Ele reforçou que a decisão será tomada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

"Todos estão querendo aprofundar a análise do que foi baseado todas essas ações que nós fomos vítimas no dia de hoje para que o governo possa se manifestar."

Bezerra se comprometeu em, mesmo deixando o cargo, ajudar o governo na agenda de reformas no Senado. O parlamentar ainda apontou que seus advogados avaliaram a busca da PF como "muito extensa e desnecessária".

Em nota, a defesa do senador pontuou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) opinou contra a busca porque "a medida terá pouca utilidade prática".

Na entrevista, Bezerra diz que a investigação corre há muito tempo, que está à disposição da Justiça e manifestou expectativa no arquivamento do inquérito.

"Esses são fatos que já vão completar oito, seis anos, e que estão sob investigação há muito tempo e que, portanto, vamos, no devido curso do processo legal, prestar todas as informações. E temos certeza, como outros inquéritos, eles vão ter o mesmo destino, que será o arquivamento", finalizou o parlamentar.

Leia na íntegra a decisão do STF

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