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Alvo da Lava Jato, Aloysio Nunes diz que se silenciou "porque está seguro"

Ex-ministro de Temer se calou em março, no âmbito de inquérito que pegou o ex-diretor da Dersa; termo da audiência foi anexado ao processo em 3 de junho

Aloysio Nunes: ex-ministro ficou em silêncio durante audiência na Polícia Federal (Ueslei Marcelino/Reuters)

Aloysio Nunes: ex-ministro ficou em silêncio durante audiência na Polícia Federal (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de junho de 2019 às 12h02.

São Paulo - O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira (Governo Temer/Relações Exteriores) ficou em silêncio durante audiência na Polícia Federal. Alvo de buscas da Operação Lava Jato, em fevereiro, Aloysio compareceu à PF em São Paulo em 28 de março. O termo da audiência foi anexado ao processo no dia 3 de junho.

"Nunca foi preso ou processado criminalmente; que se reserva no direito de permanecer calado, por dois motivos: primeiro porque não teve acesso aos autos da investigação e segundo porque está seguro que não possui relação alguma com fatos investigados na denominada Operação Lava Jato; que nada mais disse nem lhe foi perguntado."

Três dias antes de o ex-ministro prestar depoimento, a PF recebeu a professora Ruth Arana de Souza, ex-mulher de Paulo Vieira de Souza - ex-diretor da Dersa apontado como operador do PSDB e alvo da Lava Jato. Ruth também ficou em silêncio.

"Respondeu que é divorciada; que permanecerá em silêncio e não irá se manifestar no presente momento."

Nas buscas contra Aloysio, a PF apreendeu dois HD's externos, um Ipad e oito pendrives, um celular e um computador na casa do ex-ministro. A Lava Jato investiga se Aloysio seria "beneficiário final" de um cartão de crédito abastecido com valores "provenientes da Odebrecht".

O cartão teria sido emitido, em 2007, por contas na Suíça do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza - apontado pela investigação como operador do PSDB e preso na Ad Infinitum, operação que fez buscas contra o ex-ministro.

A Procuradoria da República afirma que o ex-diretor da Dersa manteve R$ 131 milhões em quatro contas no banco Bordier & CIE, de Genebra, em nome da offshore panamenha Groupe Nantes SA, da qual o operador é beneficiário econômico e controlador. As contas foram abertas em 2007 e mantidas até 2017.

"Em 24 de dezembro de 2007, portanto logo após Paulo Vieira de Souza ter recebido da Odebrecht 275.776,04 euros, cuja transferência aconteceu em 26 de novembro de 2007, um dos responsáveis por sua conta mantida em nome do Grupo Nantes na Suíça solicitou a representantes do Banco a entrega de cartão de crédito no Hotel Majestic Barcelona, na Espanha, para Aloysio Nunes Ferreira Filho", afirma a Lava Jato.

Do início de janeiro até 19 de fevereiro, Aloysio foi presidente da Investe São Paulo do governo João Doria. Após ser alvo da Operação, Aloysio Nunes pediu demissão do cargo.

Vieira de Souza é investigado por lavagem de dinheiro no esquema da Odebrecht. O Ministério Público Federal afirma que o operador disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, R$ 100 milhões em espécie ao operador financeiro Adir Assad, no Brasil.

Assad entregou os valores ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro Álvaro José Novis - que supostamente fazia pagamentos de propinas, a mando da empresa, para vários agentes públicos e políticos, inclusive da Petrobrás.

Em contrapartida, relata a investigação, a Odebrecht repassou valores, por meio de contas em nome de offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, ao operador Rodrigo Tacla Duran.

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