João Amoêdo, do partido Novo, durante campanha à Presidência. (Yolanda Prezentino/Partido Novo/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de maio de 2018 às 12h08.
Brasília - O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e o empresário João Amoedo (Partido Novo) largaram na frente e foram os dois únicos presidenciáveis a lançarem plataformas de arrecadação por vaquinha virtual nesta semana, a primeira em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou pré-candidatos a começarem a arrecadar por essa modalidade. Até a manhã deste sábado, os dois tinham arrecadado juntos R$ 82.295.
Pré-candidatos estão autorizados a arrecadarem por vaquinha virtual (crowdfunding) desde a última terça-feira, 15 de maio. Para isso, precisam contratar uma empresa autorizada pela Justiça Eleitoral. Até esta sexta-feira, o TSE já havia credenciado 33 companhias especializadas em financiamento coletivo. O dinheiro, porém, só poderá ser usado após o registro oficial da candidatura em agosto. Quem não oficializar, terá de devolver os recursos aos doadores.
As doações estão sendo feitas preferencialmente por cartão de crédito e de débito. O limite diário por pessoa é de R$ 1.064. Os recursos doados, contudo, não vão em sua totalidade para o pré-candidato ou legenda. Do valor doado, são descontadas duas taxas: a cobrada pela administradora do cartão, que pode superar 5% do valor do gasto, e a da empresa do crowdfunding, que pode ser um valor fixo por todo o serviço ou contribuição por cada doação.
Álvaro Dias lançou sua plataforma no primeiro dia permitido. O site do pré-candidato do Podemos é um dos mais transparentes: disponibiliza desde o total já arrecadado pelo presidenciável, como o nome, CPF e forma de pagamento do doador. Até a manhã desta sábado, ele já tinha arrecadado R$ 1.970. Esse dinheiro é fruto da doação de 22 pessoas físicas, que fizeram desde doações com valores que variaram de R$ 5 a R$ 500.
Amoedo, por sua vez, conseguiu arrecadar R$ 80.325 até agora, de acordo com a assessoria de imprensa do Novo. Os recursos foram doados por 607 pessoas, que doaram, em média R$ 132. A plataforma do empresário, no entanto, não informa os nomes desses doadores - ele só é obrigado a informar ao TSE, que divulgará posteriormente. O site sugere seis faixas de doação, que vão de R$ 25 a R$ 1.000, mas o doador também pode doar outros valores, até o limite de R$ 1.064 por dia.
Outros pré-candidatos como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) estão concluindo as tratativas para lançarem nas próximas semanas suas plataformas de arrecadação coletiva. O partido do tucano lançou uma plataforma nesta semana, mas apenas no âmbito partidário. A empresa contratada pelo PSDB foi a mesma que o MDB contratou. Diferente dos pré-candidatos, as legendas sempre puderam arrecadar e podem ter acesso imediato ao dinheiro.
Antes mesmo da data oficial, alguns presidenciáveis lançaram plataformas de vaquinhas virtuais para financiarem suas pré-campanhas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recorreu a esse modelo de arrecadação para financiar as caravanas que fez pelo País antes de ser preso pela Lava Jato, em 7 de abril. A deputada estadual Manoela D'Ávila (PCdoB-RS) também segue financiando suas viagens com recursos arrecadados por meio da plataforma online "Manu pelo Brasil".
Ajustes
Dono de uma empresa especializada em crowdfunding credenciada no TSE, o publicitário Roberto Meira diz que muitos pré-candidatos ainda não lançaram suas plataformas porque estão se ajustando às normas exigidas pela Justiça Federal. A empresa dele já tem 70 clientes, entre pré-candidatos a deputado estadual e federal e dois candidatos a governadores. "Tem uma série de procedimentos. Vamos começar a liberar a partir de quarta ou quinta-feira", disse.
A empresa dele cobra um valor fixo de cerca de R$ 8 mil por todo o serviço. Meira diz que o contrato dele deixa claro que ele não poderá usar a base de dados dos doadores no futuro. São dados como nome, CPF, título de eleitor e endereço que são informados na hora da doação. Ele pondera, contudo, que nem todas as empresas estão fazendo isso. "Tem algumas que a base de cadastro também pode ficar para a empresa", diz.