Senador Alvaro Dias: "(A presença de Silveira) contamina o governo, faz desacreditar o compromisso assumido pelo presidente" (Waldemir Barreto/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2016 às 17h52.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2018 às 17h13.
Brasília - O senador Álvaro Dias (PV-PR) defendeu nesta segunda-feira, 30, a saída do ministro Fabiano Silveira da pasta de Transparência, Fiscalização e Controle.
Para o parlamentar, o presidente em exercício, Michel Temer, "não tem outra alternativa" a não ser afastar Silveira, pois a presença do ministro prejudica a credibilidade do governo.
Em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, gravada há três meses e divulgada ontem pelo programa 'Fantástico', da TV Globo, Silveira orienta Machado e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre como deveriam agir em relação à Operação Lava Jato. Na época, ele era do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
"(A presença de Silveira) contamina o governo, faz desacreditar o compromisso assumido pelo presidente e, portanto, eu creio que Temer, por mais amigo que possa ser do seu ministro, deve sacrificá-lo nesse momento em nome da preservação da credibilidade do seu governo e dos seus compromissos", comentou.
Dias acredita que, mesmo sendo conselheiro do CNJ na época da reunião, Silveira "de forma alguma poderia agir assim". Na interpretação do senador, Silveira "ensinou o caminho para driblar a operação Lava Jato".
Questionado sobre a participação de Renan nos áudios vazados, Dias evitou comentar. "Esse é um assunto delicado, pois a instituição tem que ser preservada sempre", disse.
"Nesse caso eu prefiro esperar o presidente Renan Calheiros e conhecer a iniciativa que pretende adotar. A situação se complica a cada passo e uma iniciativa à favor da instituição é o que nós podemos esperar. Prefiro que a iniciativa seja do Renan e por isso vou aguardar", continuou.
Dias negou que haja algum tipo de 'acordão' no Congresso para proteger o presidente da Casa.
Comissão do impeachment
Sobre a defesa da oposição de que os trabalhos da comissão do impeachment da presidente Dilma Rousseff devem ser suspensos por causa das gravações feitas por Machado, Dias afirmou que essa será "mais uma tentativa frustrada de impedir que o itinerário do impeachment seja percorrido na legalidade".
"Não há nenhum obstáculo aparente para que esse processo tenha prosseguimento. Os fatos aludidos não dizem respeito ao processo do impeachment, ao contrário, esses fatos fortalecem a necessidade do impeachment, porque o País estava à deriva."
Após se reunir hoje com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, no Palácio do Planalto, Temer decidiu manter o ministro no cargo "por enquanto".
Essa é a segunda semana seguida em que o governo começa tendo que resolver problemas relacionados ao alto escalão.
O vazamento ocorre apenas uma semana após o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, ser flagrado em áudios com Machado falando em "estancar a sangria" na Lava Jato. Jucá ficou apenas 12 dias no cargo e pediu licença do Planejamento.