Álvaro Dias: "Não aceitaremos esse conluio partidário, vamos derrubar esse balcão de negócio" (José Cruz/ABr/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 6 de agosto de 2018 às 16h46.
Brasília - O candidato pelo Podemos à Presidência da República, Alvaro Dias, afirmou nesta segunda-feira que a aliança em torno do presidenciável pelo PSDB Geraldo Alckmin serve à manutenção da atual situação política e disse acreditar que o eleitor saberá separar o "joio do trigo".
Para o presidenciável, que participou nesta segunda-feira de evento na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a notícia de que a escolha de Ana Amélia (PP-RS) para vice na chapa de Alckmin obedece à cota pessoal do tucano reflete o quadro de repetição do mecanismo de alianças vigente no país.
"O maior ajuntamento... em São Paulo, não posso me recusar a afirmar que é uma Arca de Noé e que é a sustentação do sistema atual", disse o candidato, que fez defesa veemente da operação Lava Jato.
"Quem quiser continuidade desse caos já tem endereço, não precisa pensar muito, já tem endereço, é só caminhar para lá. Será a reedição da tragédia que estamos vivendo", afirmou.
Dias garantiu que, se eleito, não repetirá o sistema de "base aliada", e aposta na sustentação popular como instrumento de convencimento do Congresso.
"Não aceitaremos esse conluio partidário, vamos derrubar esse balcão de negócio."
Defende, aliás, no âmbito de uma reforma do Estado que prevê o enxugamento do Executivo para cerca de 15 ministérios, mudanças na composição do Congresso Nacional. O candidato sugere que o Senado seja reduzido para dois terços do seu tamanho atual. Na Câmara, a ideia é fazer com que as bancadas sejam proporcionais ao número de habitantes de cada Estado.
"Reabilitaremos a autenticidade da representação", afirmou. "Para que tantos deputados? Eles haverão de entender que chegamos ao fundo do poço."
O candidato garante que o Ministério da Saúde não entra na lista de pastas a serem incorporadas por outras e confirmou o convite público ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba, para compor seu governo. "Ele só tem que responder quando eu assumir a Presidência da República."
Questionado sobre ação da Polícia Federal no início do ano que teve como alvo seu vice, Paulo Rabello de Castro, do PSC, defendeu o companheiro de chapa e disse que ele está à disposição para qualquer esclarecimento.
"Ele deu todas as respostas e encerrou o assunto. É um inquérito parado, porque as respostas dele foram convincentes. Certamente estará à disposição para dar todas as explicações", garantiu.
"Só é vice porque é ficha limpa, é vida limpa."
O candidato voltou a defender que seja dada mais transparência à dívida pública brasileira e disse que há possibilidade de redução das taxas de juros se essa relação for melhor administrada.
"Tem gente que acha que não devemos falar em dívida pública, em balanço da dívida pública. Ninguém está falando em dar calote, ninguém vai dar calote, ninguém vai desrespeitar contrato celebrado", declarou.
"Mas nós queremos mostrar ao povo brasileiro onde está indo o seu dinheiro, o dinheiro do imposto. Se a operação Lava Jato diz que uma organização criminosa governou o Brasil e que nós tivemos um aumento monumental da dívida pública, por que não saber o que aconteceu? Por que não dizer ao povo brasileiro o que aconteceu?"
Dias aproveitou para alertar para a necessidade de ajustar "distorções" no programa habitacional Minha Casa Minha Vida como casos de corrupção, aplicação incorreta de recursos, e "equívocos de execução técnica".