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Alunos desocupam colégio na Ilha do Governador no Rio

A escola foi a primeira unidade da rede estadual de ensino a ser ocupada no dia 21 de março último por estudantes para apoiar a greve dos professores


	Ocupação: durante o anúncio feito no auditório, houve confusão entre o chefe de gabinete da Seeduc e a professora de Geografia do colégio
 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Ocupação: durante o anúncio feito no auditório, houve confusão entre o chefe de gabinete da Seeduc e a professora de Geografia do colégio (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2016 às 14h39.

Alunos do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, anunciaram  hoje (16) a desocupação do colégio.

A escola foi a primeira unidade da rede estadual de ensino a ser ocupada no dia 21 de março último por estudantes com o objetivo de apoiar a greve dos professores e pedir melhorias na qualidade da educação.

Porém, durante o anúncio feito no auditório, houve uma confusão entre o chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), Caio Castro Lima, e a professora de Geografia do Mendes de Moraes, Alessandra Bruno.

Após a discussão, Castro Lima  pediu exoneração do cargo.

A discussão se deu quando um boato de um suposto ataque de alunos contrários à ocupação se espalhou entre os presentes. A professora acusou Lima de incitar ataques ao colégio e chamou o chefe de gabinete de fascista.

Ele retrucou com dedo em riste, ordenando que a professora calasse a boca. A partir daí, os estudantes se revoltaram e colocaram Caio Castro Lima para fora do colégio à base de protestos. Lima se defendeu.

“Eu não sou obrigado a tolerar desrespeito. Tudo estava indo bem, mas não vou aceitar nunca ser chamado de fascista. Uma coisa é o fato de eu representar uma organização e eles a hostilizarem. Bem diferente é me atacarem pessoalmente. Tenho família e entes queridos que gostam de mim. Eu mandei que ela se calasse porque é uma pessoa extremamente desequilibrada, que sequer deveria estar presente nas negociações. A maioria dos alunos é menor de idade, ela não. Ela deveria saber o que fala e com quem fala para não ficar inflamando os estudantes”, desabafou.

Desdobramentos

O chefe de gabinete declarou que isso afeta bastante a relação da Seeduc com os alunos do Mendes de Moraes.

“Não tenha dúvida que afeta. Eu me dispus a vir aqui sozinho, de peito aberto, para participar do anúncio e sou recebido assim. A sociedade tem que ver isso e analisar se, de fato, é isso que se quer”, disse, com relação ao movimento.

A professora envolvida na confusão recusou-se a falar com a imprensa.

O aluno do Mendes de Moraes, João Victor da Silva, que cursa o 3° ano do ensino médio na unidade, repudiou a atitude de Caio Castro e disse que o episódio ilustra o “baixo nível” da secretaria.

“Nunca que ele vai mandar um professor calar a boca dentro da escola. Isso mostra o baixo nível que é a Secretaria de Educação. Eles acham que temos medo deles, mas eles que tem que nos temer. Mostramos com a ocupação do que somos capazes. Temos o poder de pensarmos sozinhos e tomarmos nossas atitudes seguindo o que acreditamos”, disse.

Vitórias

Com relação à desocupação, antes da confusão João Victor havia comunicado que o movimento se retira do colégio pela quantidade de pautas atendidas pela Secretaria de Educação, mas não deixa de participar da luta dos outros colégios ainda ocupados.

“Estamos desocupando com muita alegria porque podemos passar o nosso poder de organizar, agir,etc. Foram 56 dias de muita resistência, mesmo debaixo de ataques de todos os lados. Grande parte das nossas pautas foi atendida e isso é uma grande vitória. O Mendes foi a chave que abriu a porta para o restante da luta e seria injusto abandonarmos essa causa. Saímos daqui, mas continuamos com os nossos irmãos nas outras escolas”, garantiu.

João Victor revelou que a secretaria estabelecerá uma comissão de visitas em cada escola que foi ocupada para analisar o que cada unidade precisa, além de um documento expedido pelo órgão garantindo as reformas. Cada colégio receberá R$ 15 mil para essas obras emergenciais.

“É um valor miserável, concedido com muita má vontade pela secretaria. Mas foi o que conseguimos com muito suor e luta”, disse o estudante.

Além disso, outras conquistas dos alunos foram a exoneração do diretor do Mendes de Moraes, Marcos Madeira, fim do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj) e a reunião da secretaria com os representantes dos 68 colégios ocupados pelo movimento.

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