Brasil

Alunas do Mackenzie espalham frases machistas de professores

Lela Brandão, aluna de Arquitetura, afirma que a intenção é alertar os professores que comentários machistas não serão mais tolerados


	Mackenzie: Lela disse que na quarta-feira, 27, após a exposição dos cartazes, alguns professores debocharam da ação.
 (Reprodução/Facebook)

Mackenzie: Lela disse que na quarta-feira, 27, após a exposição dos cartazes, alguns professores debocharam da ação. (Reprodução/Facebook)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2016 às 13h49.

São Paulo - Cansadas de ouvir comentários machistas em sala de aula, um grupo de alunas de Arquitetura da Universidade Mackenzie espalhou na terça-feira, 26, cartazes pela faculdade com frases preconceituosas que ouviram de professores.

"Agora vamos explicar de novo, porque a sala tem muitas meninas" e "seu trabalho está ruim, você podia pelo menos ter vindo com uma saia mais curta", foram algumas das frases que elas denunciam ter ouvido dos professores.

Lela Brandão, aluna de Arquitetura e uma das fundadoras do Coletivo Feminista Zaha, responsável pela ação, afirma que a intenção é alertar os professores que comentários machistas não serão mais tolerados.

"Na nossa faculdade, a maior parte dos professores é homem, mas as mulheres são maioria entre os estudantes e não vamos mais tolerar esse tipo de violência. Ficamos caladas por tempo demais."

Lela disse que na quarta-feira, 27, após a exposição dos cartazes, alguns professores debocharam da ação.

Segundo a estudante, os cartazes têm frases que foram ditas em sala de aula e ouvidas por mais de um aluno.

"Não divulgamos ou denunciamos os professores autores dessas declarações porque as atitudes machistas não são exclusivas. Elas estão institucionalizadas e generalizadas na universidade."

Para Lela, a ação deve inibir os professores a fazerem novos comentários machistas e a próxima ação das alunas será denunciar pontualmente cada novo episódio de discriminação.

"A maioria dos professores é homem, mais velho, que tem a nossa admiração e usa sua posição para falar essas coisas. Para eles, as vezes é só uma brincadeira. Para nós, é uma violência."

O coletivo surgiu há cerca de um mês, após um professor também do curso de Arquitetura ser denunciado pelas alunas por ter debochado em sala de aula das acusações de estupro contra o médico Roger Abdelmassih - preso em 2014 após ser condenado a 181 anos de prisão por 56 estupros.

Em nota, a universidade disse que o mural feito pelas alunas "demonstra a preocupação com o tema e a importância da discussão sobre intolerância no Brasil" e informou que o seminário Gênero e Preconceito será realizado na faculdade no próximo mês.

"O Mackenzie orgulha-se por formar cidadãos críticos e atuantes, que discutem os problemas do dia a dia da sociedade."

Acompanhe tudo sobre:Ensino superiorFaculdades e universidadesFeminismoMachismoMackenzie

Mais de Brasil

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados