A primeira reunião do Copom com Alexandre Tombini à frente do BC deve ocorrer em janeiro (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2010 às 13h17.
São Paulo - A chance de o Banco Central iniciar a alta dos juros em janeiro foi para quase 100% após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, disse Marcelo Carvalho, economista-chefe para a América Latina do Banco BNP Paribas Brasil SA.
“O relatório trouxe uma mensagem clara de que o BC se prepara para elevar os juros em um futuro próximo”, disse Carvalho em entrevista por telefone de São Paulo. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária deve marcar o início de um ciclo de alta de 200 pontos-base, segundo o economista.
Segundo Carvalho, esse ciclo contará com quatro elevações consecutivas de 50 pontos. A reunião entre os dias 18 e 19 de janeiro será a primeira sob o comando do novo presidente do BC, Alexandre Tombini.
No mercado de juros futuros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro de janeiro de 2012 subia 12 pontos, para 12,12 por cento, às 11h36, para a maior taxa em mais de uma semana. Contratos com vencimento a partir de janeiro de 2014 estão em queda.
O Relatório Trimestral do BC disse que “é importante destacar que, no regime de metas para a inflação, desvios em relação à meta, na magnitude dos implícitos nessas projeções, sugerem necessidade de implementação, no curto prazo, de ajuste na taxa básica de juros, de forma a conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia, bem como de reforçar a ancoragem das expectativas de inflação”.
“Quando o BC fala em ajuste no curto prazo, a chance de alta em janeiro fica perto de 100 por cento”, disse Carvalho. Para o economista, o recuo dos juros futuros em prazos mais longos mostra uma reação positiva do mercado às sinalizações do BC. “Quanto mais cedo começa o ajuste, menor a necessidade de um prolongamento do aperto monetário.”
Comprometimento do BC
Segundo Carvalho, o Relatório Trimestral evidencia o comprometimento do BC com o regime de metas de inflação.
“O que se espera do BC é uma ação pronta e, quanto mais efetiva for esta ação, menos o BC tem de agir no longo prazo”, disse ele.
De acordo com Marcelo Carvalho, a avaliação do BC como um todo para a inflação mudou. Uma das alterações é a do efeito do cenário global sobre a economia doméstica, agora apontada pelo BC como fonte de maior risco inflacionário, em razão principalmente da alta das commodities.
“O BC vinha dizendo que o cenário externo era deflacionário”, disse ele. Agora, Carvalho vê a avaliação do cenário externo pelo BC como ambígua, e talvez inflacionária. “Foi uma mudança importante.”