O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota: perguntado sobre o aumento dos acordos de livre comércio dos quais o Brasil está excluído, Patriota disse aos parlamentares que negociações desse tipo nem sempre surtem os efeitos esperados. (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2013 às 16h52.
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, rebateu hoje (20) as avaliações sobre uma possível rivalidade entre a Aliança do Pacífico, formada pelo Chile, pela Colômbia, pelo Peru e o México, e o Mercosul, cujos membros são o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Venezuela e o Paraguai, que está suspenso temporariamente do bloco. Segundo Patriota, é preciso considerar positivas as iniciativas que formalizam grupos ou blocos regionais.
“[Essas iniciativas] não devem ser vistas como ameaça para a integração de países da região”, disse Patriota, ao participar de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ele ressaltou que o Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), formada por 15 países latino-americanos, têm a seu favor o “potencial da integração física”.
Estudo elaborado por diplomatas que acompanham o assunto mostra que o Brasil tem isenção total ou reduções significativas de tarifas com três dos quatro países da Aliança do Pacífico, em níveis semelhantes aos que os membros do grupo têm entre si. A exceção é o México. “Na medida em que esses países tenham êxito no desenvolvimento econômico e social, isso só nos trará vantagens", disse Patriota.
No ano passado, o Brasil vendeu para os quatro países que compõem a Aliança do Pacífico um total superior a mais de US$ 13 bilhões. Para os quatro países, os principais produtos comercializados são alimentos, petróleo bruto, automóveis e motores. Segundo diplomatas, a Aliança do Pacífico é uma nova versão de agrupamentos anteriores, como o G3 (México, Venezuela e Colômbia) e a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) alinhados aos Estados Unidos.
Na reunião, Patriota mencionou as vantagens das parcerias obtidas por meio do Mercosul e da Unasul. De acordo com o chanceler, o Mercosul foi um dos primeiros destinos das exportações nacionais, atrás apenas da União Europeia, da China e dos Estados Unidos. Patriota disse que o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul foi responsável pelo financiamento de 43 projetos para a região, principalmente em infraestrutura.
Perguntado sobre o aumento dos acordos de livre comércio dos quais o Brasil está excluído, Patriota disse aos parlamentares que negociações desse tipo nem sempre surtem os efeitos esperados. "A conclusão de acordos de livre comércio não implica necessariamente incremento das exportações dos países signatários."