Câmara: os governistas estão conseguindo manter um quórum alto, com mais de 440 deputados em plenário (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2016 às 19h27.
Brasília - Preocupados em concluir ainda hoje a votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto dos Gastos, governistas estão impondo um ritmo acelerado na apreciação da medida.
A ideia é "tratorar", passar por cima das manobras regimentais que a oposição vem tentando emplacar, mas até o momento sem sucesso.
Líderes de partidos alinhados com o Palácio do Planalto resolveram adotar comportamento semelhante ao que foi implementado na comissão especial na última semana: reduzir os discursos dos governistas e deixar a oposição falando sozinha na tribuna.
Para ganhar tempo, em uma das votações de requerimento nesta tarde, o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), orientou no painel todas as bancadas aliadas, quando o costumeiro é cada líder direcionar seus liderados. Assim, os governistas economizaram minutos preciosos no encaminhamento da votação.
Inicialmente, líderes partidários previam que a votação se estenderia até a madrugada. Agora, estima-se que a PEC seja votada até o final da noite.
Encurtando a apreciação e promovendo votações nominais, os governistas estão conseguindo manter um quórum alto para uma segunda-feira: mais de 440 deputados em plenário.
Para anular o "kit obstrução" da oposição, os governistas chegaram a antecipar manobras que PT, PCdoB, PDT, Rede e PSOL tinham prontas para usar na sessão.
O próprio líder do governo, André Moura (PSC-SE), apresentou um requerimento de retirada da PEC da pauta para que a base votasse contra. Embora parecesse um contrassenso, o objetivo era inviabilizar todos os requerimentos dos partidos de oposição nesse sentido.
Com pouco espaço para obstruir a votação, a minoria vem fazendo discursos reclamando que a pressa se deve à intenção do governo de não querer discutir a PEC com a população.
"A PEC já tem um defeito congênito: ela não é proposta por um governo eleito e não foi debatido com a população. Essa PEC é uma imposição por duas décadas de um arrocho, ela tem de ser chamada de PEC do corte de investimentos", disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).